Sunday 22 March 2015

Lagoinha do Leste–Floripa

Hoje fiz uma coisa que eu queria fazer há bastante tempo: a trilha da Lagoinha do Leste.
Floripa tem muitas praias bonitas, mas o diferencial desta praia é que ela é somente acessível através de trilhas. Existem duas trilhas que levam a esta praia: a da praia do Matadeiro, que dura cerca de 3 horas, e a do Pântano do Sul, que dura cerca de 1:15.
O dia amanheceu nublado mas sem previsão de chuva, então resolvemos que seria um dia bom pra fazer essa caminhada. Durante o dia acabou que o sol saiu algumas vezes, mas não estava muito calor (cerca de 24 graus hoje).
Começamos lendo na internet como chegar na trilha, mas as informações são meio escarsas e não muito específicas. O melhor que conseguimos achar é que a trilha sai da rua Manuel Pedro de Oliveura, que fica 400m antes de chegar na praia doPântano do Sul.
Dirigimos até a praia do Pântano no Sul e lá achamos um lugar pra estacionar na ruazinha que dá pra praia. Estes lugares são poucos, então quem não consegue achar uma vaga tem que deixar o carro num estacionamento pago (R$10), pois caso estacione no acostamento será multado.

Não existe placa alguma indicando a rua onde se encontra a trilha. Nós só a encontramos por causa do GPS, mas a rua é uma subida na esquerda da avenida. Lá pela metade desta rua, do lado esquerdo, tem uma entrada pra mata e placas indicando que é o começo da trilha. A placa informa que a trilha leva 45 minutos.
Começamos então a subir. Havia chovido na noite anterior e por isso havia lama na trilha, bastante pedras além da subida ser bastante íngreme. A trilha passa literalmente pelo meio do mato, fazendo-se necessário às vezes desviar de galhos e no caminho tem bastante mosquito.
Subimos por cerca de 40 minutos pela trilha selvagem, até virmos a primeira e única placa durante o trajeto, numa bifurcação. A placa está logo abaixo:
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Placa no fim da subida.
Esta placa é absolutamente inútil, pois não indica pra que lado é o mirando e em nenhum lugar tem a palavra “praia”, muito menos distâncias ou tempo de caminhada. Resolvemos ir pra direita pra ver se o mirante era lá e depois de alguns metros vimos umas pessoas sentadas, para as quais perguntamos do mirante e a resposta foi que que há muito tempo realmente havia um mirante, mas agora é só mato e pedaços de madeira. De uma ponta consegue-se ver um pouco da vista pra praia do Pântano so Sul.
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Vista da praia do Pântano do sul
Voltamos então até a bifurcação e pegamos o caminho da esquerda, que por eliminação deduzimos que levaria até a praia. Encontramos várias pessoas fazendo a trilha, então não ficamos com medo de nos perder.
A descida não foi nada fácil, pois era muito íngreme e nosso tênis estava sujo de lama da subida, então as pedras estavam muito escorregadias.
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Fotos da trilha, e o estado do meu tênis e calça no fim dela

Depois de cerca de 25 minutos descendo finalmente chegamos na praia. A placa no começo da trilha que indicava 45 minutos está totalmente incorreta. Nós fizemos a trilha de forma segura, mas não andamos devagar e demoramos 1:15 pra chegar na praia.


Chegando na Lagoinha do Leste
A praia tem uma faixa de areia bem branca e larga, muito bonita, e o mar é típico do sul da ilha: bem agitado com ondas boas pro surfe e água gelada. Na direita da praia tem um morro bem alto, que é o que dá acesso a trilha pro ponto de vista mais bonito, mas nós estávamos cansados da caminhada e resolvemos não subir até lá, mas a vista lá de cima pelo que vi em fotos é linda.
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Praia da Lagoinha do Leste
Morro a direita da praia com acesso ao ponto de vista
Restinga atrás da praia

Sentamo-nos na areia pra comer um lanche que havíamos trazido (é uma praia deserta, sem restaurante. Parece que na temporada tem umas barraquinhas que vendem coisas pequenas) e ficamos tentando curtir a praia, entretanto o vento estava insuportável. Sentei-me de costas pro mar pra tentar comer meu lanche sem recheio de areia, mas tava difícil. Alguém então nos sugeriu caminharmos por uma trilha que vai pelas dunas até a lagoa que fica atrás da praia, mas não havia placa nenhuma, então entramos no primeiro acesso que encontramos pelas dunas e caminhamos por uns caminhos até chegarmos numa restinga. Lá havia lugar embaixo de árvores onde estendemos nossas cangas e ficamos protegidos do vento pra terminar nosso lanche e descansar. A restinga era muito bonita e se eu tivesse trazido biquíni eu teria tomado banho lá. Era bem calminho lá e sem vento, mas não era perfeito: tinha muito mosquito. Tinha tanto que eu vesti um casado com capuz pra que eles não me atacassem tanto.
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Eu tentando me proteger dos mosquitos
Depois de um tempo ali nós resolvemos voltar, pois não conseguimos relaxar como gostaríamos por causa dos mosquitos. Resolvemos nem ir até a lagoa. Começamos então o longo caminho de volta, que já sabíamos ser íngreme e escorregadio. Eu estava com medo de cair ou torcer o pé, então eu fui bem devagar, mas tinha gente fazendo a trilha descalça e até vi uma mulher carregando uma criança, que realmente não entendo como ela conseguiu passar por alguns lugares com aquela criança! Os surfistas fazem a trilha levando prancha.
Mas a pior parte foi a descida no final. Os mosquitos estavam impossíveis, nos comendo vivos. Havia nuvens deles na mata e nós precisávamos ficar balançando os braços que nem loucos pra que eles não nos atacassem, ao mesmo tempo que tentávamos nos equilibrar descendo por lugares altos e escorregadios. Não foi nada agradável.
Nem acreditei quando terminamos a trilha…

Na volta pro centro pegamos um trânsito horrível. O acesso ao sul da ilha é realmente um lixo, e eu não entendo porque alguém moraria no sul da ilha se tivesse que pegar esse trânsito todos os dias. Demoramos 1:30 pra chegar no centro, sendo que na ida haívamos feito o mesmo trajeto em 30min.
Não quero desencorajar ninguém a fazer esse passeio, mas confesso que eu não gostei tanto quanto eu imaginava que eu ia gostar, em grande parte por falta de infra estrutura das estradas e de sinalização na trilha, e também por causa do vento e dos mosquitos. Foi bom eu ter feito a trilha, mas eu nao retornaria.
Recomendo o seguinte pra quem quiser fazer esta trilha: Ir de manhã cedo, usar calça comprida e bastante repelente, além de protetor solar (boné e óculos de sol se for um dia de muito sal), levar comida e bastante água, ver a previsão do tempo pra ter certeza que não vai chover e que não haverá vento sul. Volte na trilha antes de escurecer e não volte no fim da tarde pra evitar o trânsito. Ou pra quem gosta é possível acampar lá, coisa que eu nunca faria.
O que eu posso recomendar é uma visita ao restaurante Arantes, na praia do Pântano do Sul, que serve comida típica da ilha. Comemos um pastel de camarão muito bom lá.


Eu e minha irmã no restaurante Arantes