Saturday 23 April 2016

Passeando por Peak District

No sábado acordamos relativamente cedo pra quem tinha ido num casamento na noite anterior e encontramos os demais na sala de café da manhã. Muitos iam voltar pra Londres no sábado mesmo outros visitar os pais, alguns ficariam ali no hotel mais uma noite pra fazer passeios pela área, mas eu e o Andre havíamos decidido passear por Peak District, portanto fomos embora logo depois de comermos.
Essa parte da Inglaterra tem aquelas paisagens de murinhos de pedra cortando os campos. Tem várias vilas e cidadezinhas charmosas, com casas de pedra bem antigas, e dezenas de trilhas pra se fazer pelos campos.
Nos hospedamos num hotel chamado the Maynard, que era muito bom. Pouca coisa mais caro que o hotel da noite anterior, mas trocentas vezes melhor. Chegamos no hotel meio-dia e nem almoçamos. Resolvemos beliscar fruta e umas bolachas pra aproveitar o dia pra fazer passeios. Eu havia pesquisado uma certa caminhada pra gente fazer por ali, mas quando chegamos no hotel e pegamos algumas sugestões de caminhada, e o fato de que no caminho pro hotel eu vi uma placa indicando que o palacio de Chatsworth era ali perto, mudamos completamente os planos. Acabou que passamos o resto do dia visitando 2 lugares que foram parte de um dos meu filmes preferidos de todos os tempos: Orgulho e Preconceito. Eu gosto das historias da Jane Austen, famosa escritora inglesa. Li vários livros dela, mas o meu preferido é Orgulho e Preconceito. Comecei a lê-la depois de ter visto o filme do mesmo nome, com a atriz Keira Knightley, lançaado há cerca de 10 anos atrás. Eu AMEI o filme e lembro que assistia na Nova Zelândia quando não tinha nada pra fazer. Nunca imaginei que um dia visitaria aqueles lugares lindos que eu vi no filme! Por isso não pude deixar a chance passar. O André, como bom companheiro, aceitou a mudanca de planos.
Começamos o passeio indo até um lugar chamado Curbar Edge, que é uma caminhada de cerca de 8Km por um plateau elevado. Lá de cima tem-se uma vista linda de um vale, e na beira desse plateau tem bastante pedras, que nos fazem ficar pensando como foram parar lá em cima. Ficamos cerca de uma hora caminhando por lá, e eu quis ir até aquela pedra que aparece na cena do filme, onde a Elizabeth está parada lá em cima vendo a paisagem no pôr-do-sol, e o vento bate faz a capa que ela está usando ficar esvoaçante. É uma cena muito bonita. A vista lá de cima eh realmente muito bonita, dá pra entender porque ela foi lá pra pensar na vida hehehehe
Caminhando por Curbar Edge

Ao invés de fazer a caminhada toda, resolvemos aproveitar o resto da tarde pra visitar Chatsworth, uma das mansões mais impressionantes da Inglaterra. Essa casa foi usada pra ser a casa do Sr. Darcy no filme. A casa é absolutamente fantastica! Até o Andre ficou impressionado com o luxo e a grandeza dela. Jah visitamos varios palacios de realeza aqui, na Austria, Franca etc, e essa casa nao fica pra tras. Ela está na mesma familia ha mais de 500 anos e passa de geração pra geração. Por coincidência, faz 2 semanas eu tava vendo na TV um documentário sobre essa casa (até foi por isso que reconheci o nome na placa da estrada), e nesse documentário o dono atual explica algumas coisas interessantes, como o fato de que antigamente esse tipo de grandiosidade era possível porque como era sempre o filho mais velho que herdava toda a heranca da família, a riqueza ficava centralizada nas mãos de uma pessoa, o que permitia manter tais propriedades e seus luxos. Claro que hoje em dia não é mais assim. Todos os filhos têm os mesmos direitos, e com a taxação de herança com o objetivo de compartilhar riqueza não é mais possível casas dessas ficarem nas mãos de um único indivíduo capaz de mantê-la com sua própria riqueza, pois os custos de uma casa dessas são ridiculamente altos. Por isso que agora todas essas casas estão abertas pra visitação, em troca de ingressos, cujo preco ajuda a manter a casa (custa £20 pra ver esta casa e os jardins) e toda a estrutura de pessoas por trás dela. Inclusive vi nesse mesmo programa de TV pessoas que herdaram casas grandes e antigas, que não consideram isso uma vantagem, mas sim algo ruim, pelo trabalho que dá, e custo necessário, para manter a casa.
Mas voltando a Chatsworth, são cerca 300 ambientes no total. A parte aberta ao público é cerca de 1/3 da casa, tem 1/3 que é do uso da família, que ainda mora lá, e o restante é usado de depósito para objetos e móveis antigos adquiridos pelas gerações passadas.
A visita da casa comeca pelo salão principal, que é maravilhoso. Pinturas lindíssimas pelas paredes e teto, uma escadaria de mármore fenomenal, que dá até os aposentos superiores da casa. A visita passa por salas com obras primas espalhadas por tudo: pinturas, esculturas, tapeçarias lindíssimas feitas em Londres por volta de 1600, vasos e móveis renascentistas etc. Dava pra ficar o dia inteiro admirando cada detalhe. Tem uma sala toda de madeira, com colunas e bustos talhados na madeira em detalhes minuciosos. A visita passa por quartos de visitas que eram usados antigamente, todos mobilhados luxuosamente e com camas que só os hoteis mais luxuosos do mundo têm parecida. Reis e rainhas se hospedaram nesses aposentos no passado. O bom é que dah pra bater foto de tudo, não tem aquela frescura que alguns lugares tem de não poder bater foto.
Sala de madeira talhada
Galeria principal
Estátuas na galeria
Sala de jantar

Tem uma sala de estar que foi das mais lindas que eu já vi na vida, pena que essa só dá pra ver da porta. A sala de jantar tambem é bem grandiosa, digna de realeza.

Deve ser incrível crescer numa casa dessas podendo explorar cada canto dela. Eu, quando crianca, era bem curiosa e queria saber o que tinha atrás de cada porta e dentro de cada gaveta. Mesmo agora adulta adoraria poder fazer isso!
Passei pela sala das esculturas onde a Elizabeth, no filme, vê um busto do Sr. Darcy. Este busto obviamente nao faz parte da coleção de obras de arte, mas na loja de souvenirs da casa tem uma miniatura do tal busto pra comprar hehehe Com certeza o filme ajudou na popularidade da casa.
Depois saímos pra visitar o jardim.
No jardim, à procura do Sr. Darcy

Estava frio, cerca de 9 graus, então infelizmente não estava agradável pra ficar sentado na rua, então ficamos caminhando pelo jardim. Visitamos a Orangerie, depois a fonte do lado da casa, e caminhamos até o fim do lago que tem na frente da casa. Batemos várias fotos por ali e contornamos o lago até chegar de volta a casa. Resolvemos então cruzar a ponte que tem do outro lado do terreno onde está a casa pra vê-la de longe. Deu uma foto muito bonita.
Chatsworth House

O terreno da casa é gigantesco, e inclusive quando dirigindo pra chegar ali a gente passa por uma igreja e uma piscina que estão localizadas em prédios bem antigos e bonitos, que fazem parte do mesmo complexo.
No natal parece que decoram a casa toda, deve ser linda a decoração! Inclusive é possivel fazer casamentos na casa. Pena que nossos amigos não casaram ali, teria sido uma experiência e tanto. Mas não consigo nem imaginar quanto não custa fazer um casamento lá.
A casa fecha pra visitacao às 4:30, e depois de termos visto tudo fomos até uma cidadezinha chamada Castleton, que é uma vila cheia de casinhas de pedra. Caminhamos um pouco por ali, mas já vimos tantas dessas cidadezinhas parecidas que não ficamos embasbacados. Sentamos num pub e resolvemos sentar ali com um drink. Como não haviamos almoçado, ao invés de voltar pro hotel pra jantar conforme havíamos planejado (parece que o restaurante do hotel é super recomendado), resolvemos jantar ali mesmo. A comida era super boa e com preco bom. Depois de tanto caminhar foi bom chegar no hotel pra descansar.
Cidade de Castleton


No dia seguinte acordamos razoavelmente cedo pra um domingo e depois de um café da manhã caprichado e delicioso no hotel, nos pusemos a caminho de Londres. Na volta ainda passamos por uma outra cidade, chamada Bakewell, que havia sido recomendada por amigos. Interessante, mas nada espetacular comparado com o que já haviamos visto. Dirigimos pela rota que nos permitiu ver bastante das paisagens campestres do Peak District e chegamos em Londres as 2 da tarde, o que deu tempo de se preparar pra semana. Foi um fim de semana muito legal vendo lugares que eu adorei conhecer. Agora é ficar os próximos fins de semana em Londres pra economizar pra viagem no feriado de fim de maio, pro sul de Portugal.
Paisagem típica de Peak District


O filme está sem graça, pois não planejei direito:
https://www.youtube.com/watch?v=Fh36xax87xs&feature=youtube_gdata

Friday 22 April 2016

Casamento de amigos em Peak District

Fim de semana passado nos fomos no casamento dos nossos amigos Hamish and Louise. Eles seguiram o que a maioria das pessoas faz aqui na Inglaterra quando se casam e realizaram a festa no interior. É bem normal os casamentos aqui serem feitos em hotéis do interior, pois além do preço ser mais acessível, as pessoas gostam de casar em igrejas antigas e charmosas e preferem fazer a festa num hotel, normalmente uma casa antiga convertida. Os convidados já ficam pra passar a noite lá, tomam cafá da manhã juntos e fazem alguns passeios durante o fim de semana antes de voltar pra Londres. Muitos convidados aproveitam pra visitar os pais que moram no interior.
Aqui casamento não é só uma festa, é uma oportunidade de celebrar com pessoas próximas que querem passar tempo juntas. O casamento teve menos de 100 pessoas, a maioria sendo amigos do casal, ao invés de familia. Mesmo porque o noivo é da Nova Zelândia e a noiva da África do Sul, portanto não é facil pra familiares se deslocarem pra um casamento na Inglaterra. De família deles só vieram os pais e irmãos, e um tio ou outro que moram aqui na Inglaterra.
Eu acho mais interessante quando as pessoas convidam pro casamento aqueles que as conhecem como casal, ao invés de ter que por obrigação convidar parentes, que muitas vezes não sabem nem do nome do noivo ou da noiva. Bom que a tradição estah mudando, pois antigamente o convite vinha no nome dos pais, que convidavam os demais pra festa de casamento dos filhos (e pagavam tudo), mas agora muitos casais pagam sua própria festa e por isso convidam quem bem entendem.
O casamento foi numa sexta-feira de tarde, o que significa que tivemos que tirar um dia de férias. Isso tem a ver com custo, pois aqui casamento também custa uma fortuna. Os noivos escolhem então lugares e datas pra tentar baixar o preço, o que eh compreensível. Melhor deixar pra gastar mais na viagem de lua de mel, mesmo porque baseada na experiência que eu tenho de casamentos no Brasil, gasta-se uma fortuna pros demais comerem e beberem e a maioria ainda sai falando mal, comparando com o casamento de não-sei-lá-quem, que ou foi mais luxuoso, ou o vestido da noiva e as flores mais bonitas etc.
Nós alugamos um carro sexta-feira de manhã e chegamos no hotel perto do meio-dia. Depois de um almoço rápido nos arrumamos pra ir pra igreja. Era uma igreja bonitinha e bem antiga, construída por 1200. Inagine quantos casamentos, batismos e funerais ela não foi base... A cerimônia comecou às 2 da tarde e foi curta, com um sermão do padre interessante, onde ele falou que a igreja deveria acolher todas as pessoas que quiserem fazer parte da igreja, independente do tipo de relacionamento que ela escolheu pra vida dela. Depois da missa teve fotos na frente da igreja.
A celebração comecou com drinks no bar do hotel (este casamento foi realizado no hotel Barnsdale Lodge, em Peak District. Não gostei do hotel e não me hospedaria lá novamente). Teria sido legal ter tido os drinks no patio na frente do restaurante, mas apesar de ser abril ainda estah ainda MUITO frio pra ficar na rua (outro motivo de fazer casamento cedo no ano é o custo, pois quanto mais no verão, mais caro, por melhor a chance de ter tempo bom).
Achei interessante a escolha de "canapés" deles: pipoca e salgadinho chips. hehehehe
Depois de um tempo socializando com outros conviados, fomos pro salão onde a festa aconteceu. Nos casamentos aqui cada convidado tem um lugar alocado pra ele(a) em uma das mesas, você não pode escolher onde senta. Fomos colocados numa mesa com 3 outros casais, alguns dos quais já conhecíamos de festas na casa do Hamish e da Louise. Então foi bem legal e tinha bastante assunto pra conversar.
Algumas pessoas fizeram discurso junto com brinde. Isso é uma coisa que eu acho bem legal, inclusive a única vantagem que eu vejo de fazer festa de casamento é ter pessoas próximas de você, que te conhecem bem, pessoas que você gosta, falando sobre a sua jornada de vida até encontrar o(a) companheiro(a) (com piadas de bom gosto durante o discurso) e desejando felicidades ao casal. A tradição é o "best man" fazer o discurso, mas nesse a "maid of honour" também fez, o que eu acho que foi mais especial e deu um ar de intimidade pra todos os convidados, como se depois do discurso conhecêssemos a noiva melhor.
Depois dos discursos foi servida a janta, que foi gostosa. Não era buffet, normalmente uns meses antes do casamento pedem pra você escolher entre 2 opções de entrada, de prato principal e sobremesa. As mesas são numeradas e então os garcons servem o prato que você escolheu. Come-se bem, mas nada exagerado.
Uma coisa que eu acho bem diferente na cultura é que aqui as mulheres não parecem se vestir com pompa pra casamento. No Brasil as convidadas usam sempre um vestido chique, de noite, enquanto que aqui muitas delas usam uns vestidos de florzinha, que até sao apropriados pra missa, que normalmente é realizada durane o dia. Mas com o passar da festa, que só acaba a noite, tais vestidos ficam meio fora de lugar. Eram poucas que estavam bem vestidas, na minha opinião. Tinha uma australiana que tava com um vestido que parecia de praia e um chinelinho. De repente lá é assim que eles se vestem pra casamento, que muitas vezes são realizados na praia.
Os noivos então cortaram o bolo e teve chá e café. Lã pelas 9 da noite o DJ comecou a tocar e foi até meia-noite, horario decente pra festa terminar. Eu tava cansada e fui dormir pelas 11:30. O bom é que nao teve barulho do casamento, apesar do quarto não ser longe do salão de festa.
Antes de terminar o post, anuncio que continuo não tenho a menor intenção de fazer festa de casamento ou de me casar. Prefiro usar o dinheiro pra viajar, e não quero o governo (burocracia) ou a igreja se metendo no meu relacionamento.