Saturday 14 July 2012

Visita a Auschwitz

No segundo dia acordamos cedo pois faríamos uma visita até o ex campo de concentração nazista Auschwitz. Foi pra completar nossa educação sobre o holocausto, pois agora já visitamos vários museus e memoriais nas principais cidades afetadas pelo holocausto. Mas de todos os museus e memoriais nada foi tão impactante quanto esta visita até Auschwitz, pois ali realmente se consegue ter idéia do tamanho da monstruosidade doz nazistas.
É possível pegar trem até Oswiecim, que é o nome polonês da cidade onde o campo de concentração foi instalado. A pronúncia em polonês é parecida com a pronúncia de Auschwitz. Os alemães mudaram o nome pra uma versão em alemão porque queriam que o idioma deles prevalecesse.
Nós acabamos indo com uma empresa que faz tours com guias. Existem várias dessas, e a nossa era chamada SeaKrakow.
Foi 1 hora de viagem até o campo de Auschwitz I, que foi o primeiro a ser criado. Neste campo os prédios estão todos conservados e muitos deles são museus contando alguma parte da história do que se passou por lá. Todo mundo sabe que alemão é um povo muito organizado e eficiente. Infelizmente este organização e eficiência foi utilizada para algo incrivelmente maligno: exterminar pessoas, e o resultado foi catastrófico.
Eles não só mataram as pessoas quanto roubaram tudo o que elas tinham. Os judeus (entre outros grupos como ciganos e homossexuais, mas 90% dos que foram mortos foram judeus) foram mandados para os campos de concentração e cada um podia levar uma mala com até 50 quilos. Claro que qualquer pessoa vai pegar seus bens mais preciosos, tudo o que a pessoa mais gosta, e colocar naquela mala. Chegando lá os alemães pegaram e catalogaram tudo. Eles sabiam exatamente quantas pessoas estavam lá, o que cada uma fazia, membros da família, tudo era catalogado! E fica pior! Eles pegaram até muletas e próteses de pessoas com problema, e numa dessas casas se pode ver montanhas de sapatos, de malas, de roupas, de óculos, de tudo o que eles tomaram dos judeus. Não contentes com isso eles raspavam o cabelo das pessoas pra fazer meias e outras coisas! E quando a pessoa morria eles arrancavam dentes de ouro, derretiam e mandavam pra Alemanha. As roupas eram "desinfetadas" e mandadas para a Alemanha. Não só eram assassinos eram também ladrões! Numa das salas de um dos prédios tinham pilhas enormes de cabelo que foi raspado das pessoas.

Nas paredes dos corredores de algumas casas tinham centenas de fotos das pessoas que foram mortas, pois os alemães catalogavam cada um e batiam fotos de cada um, a organização era tanta que fazia tudo ainda mais doentio. Existem lá listas com os nomes das pessoas mortas, e do lado de cada nome tem um sinal feito a caneta, denotando que a pessoa foi morta.

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Em cima: Entrada do campo de Auschwitz I, roupas que os prisioneiros usavam
Embaixo: Lista com os nomes de algumas pessoas mortas, foto com pessoas que acabavam de chegar no campo e seriam mortas


Em outro museu mostravam como as pessoas dormiam, no chão em cima de palha, como se fossem animais, todos amontoados.
Os prisioneiros eram forçados a trabalhar de graça em fábricas alemãs, cerca de 10 ou 12 horas por dia, e na volta sempre havia contagem deles e se tivesse alguém faltando haviam vários tipos de punição, assim como se alguém tentasse escapar. Se a contagem não fechasse eles era obrigados a ficaram em pé na rua, independente se era -20 graus ou 30 graus por várias horas, enforcamentos de grupos de prisioneiros era comum, para "servir de lição" para os demais.
Mas o pior de tudo é o tal de bloco 11, que era a prisão dentro da prisão. Num pátio do lado desde bloco tem uma parede de cimento usava para execuções assim como um poste para enforcamento. Dentro deste bloco 11 tem as salas de julgamento e dos "chefes" da SS, assim como as salas onde as pessoas tinham que tirar a roupa antes de serem mortas, com porta para o pátio de execução.

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Em cima: Latas com o gás que matava as pessoas nas câmaras de gás, pilha de malas dos judeus

Embaixo: Sala onde os homens tinham que se despir antes de serem fuzilados na parede ao lado


Descendo uma escada nesse bloco 11 ia-se para um lugar escuro e com grades, com várias salas onde as pessoas passavam por todo o tipo de tortura. Uma sala era pros condenados a morrer de fome, eram trancados lá sem água nem comida até morrerem, em outra era uma sala sem janela e a pessoa morria sufocada sem ar, e em outra haviam tijolos formando mini salas minúsculas, onde vários prisioneiros eram obrigados a passar a noite em pé, trancados ali dentro, depois de terem passado o dia trabalhando. Eu ia passando ali e pensando em quantas e quantas pessoas tiveram que morrer de forma tão cruel, tudo porque alguns loucos chegaram ao poder e resolveram que eles era melhor do que os demais e por isso os demais mereciam morrer.
E pra finalizar fomos até a câmara de gás e crematório, onde é possível entrar na câmara de gás. Logo ao lado tem os fornos que eram usados para queimar os corpos. A única coisa "boa" foi ter visto o pódio onde um dos comandantes foi enforcado depois de ter sido julgado pelo tribunal de Nuremberg. Na minha opinião ele teve uma morte fácil, primeiro deveria ter sido deixado em pé naquela sala apertada por alguns dias, e depois ter sido deixado na sala pra morrer de fome e de sede. Aí talvez enforcar, ou deixar morrer lá mesmo...
Essa visita em Auschwitz I durou até depois do meio-dia, quase 3 horas, e isso que não deu pra ver tudo!

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Em cima: blocos onde os prisioneiros eram mantidos, torre de controle

Embaixo: Onde o comandante nazista foi enforcado após ser julgado, câmara de gás onde tantas pessoas morreram


Depois de 10 min de pausa para almoço (esse é o problema de ir em excursão) fomos até Auschwitz Birkenau.

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Estrada de ferro chegando em Auchwitz Birckenau, vagão onde as pessoas eram transportadas
Como o plano dos nazistas era exterminar os judeus o campo de Auschwitz I era "muito pequeno", então eles construíram Auschwitz II (Birckenau), e era para lá que os trens com milhares e milhares de judeus que viajavam por dias sem água nem comida e nem janela, chegavam.
Uma vez lá alguns "médicos" decidiam se cada um seria morto ou se iria trabalhar nas fábricas. E eles ainda tentavam não desesperar as pessoas dizendo que não era para se preocuparem, que elas seriam bem tratadas, com trabalho e uma vida melhor, tudo pra não causa pânico. Se as pessoas acreditavam ou não eu não sei! Pessoas de cidade, crianças e pessoas consideradas não próprias para trabalho eram mandadas pra uma fila, e as demais pra outra. A primeira fila ia diretamente para a câmara de gás.
O tamanho daquele lugar é algo indescritível. Eles tinham 4 crematórios pra "dar conta" de se livrar de todos os corpos. Todos foram destruídos pelos nazistas quando viram que iam perder a guerra. O único que sobrou foi o que Auschwitz I.
Mas mesmo destruído pudemos ver de cima o corredor onde as pessoas tinham que se despir, com a desculpa que iriam tomar banho somente, e onde era a câmara de gás. E a morte com o gás não era instantânea, era liberado aos poucos e as pessoas começavam a sufocar e iam morrendo aos poucos, e os que demoraram mais pra morrer começavam a subir nas pilhas dos corpos dos que já haviam morrido tentando pegar ar que ficava perto to teto. Não vou contar detalhes do que o guia falou, mas era realmente algo repudiante...

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Em cima: Crematório destruído, corredor onde as pessoas tinham que se despir antes de serem mortas

Embaixo: Barracos onde os pririoneiros moravam, dentro de um dos barracos


Visitamos então os barracos onde eles eram mantidos e comparado com ali Auschwitz I parecia menos pior. Ali era tudo de madeira e haviam 2 plataformas que formavam 3 níveis para que as pessoas pudessem dormir. Em cada nível eram 6 pessoas dormindo. O chão era de terra e obviamente aquilo se transformava num lamaçal quando chovia. No inverno se era -20 lá fora, era -20 ali também, e se era 30 lá fora era 40 ali dentro. As pessoas morriam ali de tudo quanto é doença, pois as condições eram realmente inimagináveis. Num outro barraco era o "banheiro" onde as latrinas eram uma dos lados das outras e cada pessoa tinha cerca de 20 segundos pra fazer as suas necessidades. 3 mil pessoas dividiam aqueles banheiros, para se lavar também não havia água quente no inverno e no verão às vezes não havia água, ponto.

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Este banheiro era dividido por 3 mil pessoas


Enfim, os nazistas simplesmente resolveram quem os judeus mereciam ser exterminados e por isso não tinham direito nem de serem tratados como seres humanos. A lógica deles era que eles iriam ser mortos então não fazia diferença se eles eram tratados daquela forma.
Realmente a visita foi uma visita educacional, mas não tenho palavras pra descrever o que a gente sente quando está num lugar daqueles e escuta o que aconteceu por lá. Quem quiser ter uma idéia do que realmente se passou no holocausto deve visitar Auschwitz, pois nenhum outro lugar dá uma idéia tão realista.
Temos que tomar cuidado pra que este tipo de lixo humano = nazistas nunca mais esteja no poder para que nada parecido se repita.

Friday 13 July 2012

Cracóvia – Polônia

Meio que de última hora marquei uma viagem pra Polônia, pois o André iria passar uns dias lá trabalhando até o fim de semana.
Tirei sexta-feira de férias e de manhã bem cedo embarquei pra Cracóvia. Fiquei feliz de ter saído de Londres, pois este está sendo o pior verão desde que começaram a registrar temperaturas e níveis de chuva. Tem chovido absolutamente todos os dias e a temperatura não chega a 20 graus na maioria dos dias.
Tá certo que na sexta-feira não foi muito diferente em Cracóvia, pois choveu a tarde inteira. Eu odeio chuva!

A capital da Polônia é Varsóvia, mas Cracóvia é a cidade mais interessante para turistas, tem melhor infra estrutura pra o turismo.

O nosso hotel era bem localizado, do lado de um shopping moderno e perto da estação de trem e da parte antiga da cidade.
Foi super fácil chegar, pois no aeroporto de Cracóvia tem um ônibus grátis que te leva até a estação de trem (fica  300 metros do aeroporto) e uma vez lá tem um trem que te leva até a estação central. O ingresso compra-se dentro do trem mesmo, super prático.
Almocei no shopping ali do lado do hotel e saí pra explorar o centro histórico, que é bem bonito e bem preservado. Comecei pelos portôes da cidade antiga e fui caminhando pela Royal Walk, que vai destes portôes até a praça principal, onde tem uma catedral bem bonita e um mercado. Tinham também várias charretes puchadas por cavalos, bonitos e bem tratados.
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Em cima: Royal Walk, Igreja de St. Mary´s

Embaixo: Dentro de St. Mary´s e cabeça em Market Square


No mercado não vi nada demais, entrei na catedral e lá dentro tem uns vitrais bonitos.
Dali fui visitar um prédio da universidade que é das mais antigas do mundo, que teve Copérnico entre seus estudantes.
Visitei mais alguns lugares ali no centro e caminhei até o bairro judeu, que tem um mercado e uns restaurantes.
Caminhei então até o rio e fui até o castelo. Lá em cima visitei a catedral (que é de graça) e o pátio do castelo.
A cidade tem várias estátuas do papa João Paulo II, pois ele era polonês e foi bispo em Cracóvia parece.

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Em cima: Universidade de Cracóvia, uma das igrejas

Embaixo: Carro pintado no bairro judeu, castelo de Cracóvia


Depois disso voltei até o centro histório e parei num café pra tomar um chá e comer um bolo de chocolate, que estava bem gostoso.


Fui até o hotel encontrar o André, que havia passado o dia trabalhando, e jantamos num restaurante típico no centro histórico, com comida caseira e barata.
Realmente Londres é um lugar ridiculamente caro, o único lugar mais caro que Londres que eu já fui foi a Suíça.
Meu primeiro dia foi de descobertas, mas muito chuvoso.
O segundo dia será relatado no post seguinte, pois tem bastante coisa pra contar, então termino este post falando que no domingo voltamos pra Londres no começo da tarde, mas não sem antes ter feito uma massagem fantástica no hotel, por metade do preço cobrado em Londres!