Saturday 29 August 2015

Mostar, Bósnia

Como só tínhamos um dia em Mostar acordamos cedo pra aproveitar o máximo possível. A cidade de Mostar foi a mais afetada na guerra da ex Iugoslávia. É uma cidade bem pequena e tem muita coisa que não foi reconstruída/renovada depois da guerra. Eu com certeza não sou a melhor pessoa pra explicar sobre a guerra, mas algumas coisas que eu aprendi eu vou colocar no texto, quem tiver interesse que procure detalhes na internet.
Mostar tem uma ponte muito famosa que separa o lado leste do lado oeste da cidade. O lado leste é o lado dos muçulmanos e o oeste dos cristãos. Essa ponte era muito antiga e um símbolo da cidade, tendo estado lá por mais de 400 anos. Durante a guerra os croatas simplesmente a destruíram, junto com o lado leste da cidade, que ficou em cacos.
A ponte foi reconstruída depois da guerra com ajuda internacional (inclusive parte das pedras que formam a ponte reconstruída foram pegas de dentro do rio. Pelo jeito na construção original o material que não foi usado acabou sendo descartado dentro do rio) e continua sendo o símbolo da cidade, que agora atrai bastante turistas e salva a economia local.
A parte leste da cidade ainda tem muita casa em ruínas, que não foram reconstruídas. Qualquer lugar onde se anda por lá consegue-se ver alguma casa com marca de tiros ou abandonada.
O nosso passeio começou pela ponte velha (Stari Most). Como era cedo não haviam ainda tantos turistas e conseguimos ver um dos membros do "clube de mergulho" da ponte pular lá de cima dentro do rio. Durante o dia, principalmente quando tem bastante turista perto, algum dos membros do clube sobe no parapeito da ponte e fica lá sentado. Todo mundo se empolga e fica olhando com as câmeras prontas pra bater foto ou filmar. Eles sabem disso e propositalmente fazem poses como se fossem pular, mas nada acontece. Aí passa um outro deles recolhendo dinheiro dos turistas, enquanto outro toma o lugar do cara que vai mergulhar. A cena toda demora mais de 30min, até o cara finalmente mergulha lá de cima. Na margem leste do rio, quando estávamos almoçando nós vimos vários rapazes escalando uma plataforma de madeira e pulando no rio, que é onde eles treinam pra fazer parte do tal clube. Parece que qualquer um pode saltar, desde que pague uma taxa de 30 euros pro clube e faça uma aula de como saltar lá de cima.
Bom, saímos da ponte e caminhamos pela margem leste pelo mercado antigo, onde existem várias lojinhas de souvenirs, incluindo lojas de artesanato local, onde compramos algumas lembrancinhas. Segundo lemos  no guia, algumas das coisas que eles vendem nesse mercado são artes antigas ainda passada de pai pra filho, mas é difícil saber quais são tais lojas com tanta barraca de souvenir por lá.
Fomos caminhando até uma outra ponte que fica perto da estação de ônibus, que já não faz parte do old town. Lá pode-se ver alguns prédios construídos durante o império austro-húngaro, pois têm o estilo dos prédios em Vienna, mas em escala bem menor. Inclusive um dos prédios nesse estilo era uma piscina pública, sendo que o governo italiano deu dinheiro para restaurar depois da guerra. Infelizmente o prédio agora está abandonado.

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Ponte de Mostar
Homem se preparando pra pular da ponte
André atravessando a ponte de leste pra oeste
Vista bonita do rio e da cidade
Old town com as lojinhas

Cruzando a ponte caminhamos pela margem oeste de volta até o old town, e não tem nada de interessante pra turistas nesse lado. Chegando no old town vimos uma parte bem legal que desce pra uma área na beira do rio, com vista legal pra ponte antiga. Nessa área existem vários restaurantes bem calminhos na margem do rio.
Devo confessar que neste dia estava um calor dos infernos, foram 38 graus! Não importa onde estivéssemos estava MUITO calor. Nos sentamos num lugar pra almoçar desses restaurantes mais quietos e ficamos mais de 1 hora ali tentando fugir do sol extremamente forte. Depois do almoço visitamos uma galeria de fotos de um Neozelandês que foi fotografar a guerra. As fotos realmente nos deixam ver as circunstâncias das pessoas durante a guerra, com suas casas destruídas, muitas vezes isoladas e sem água ou comida.
Resolvemos então voltar pro hotel, pois já havíamos visto tudo o que queríamos ver na cidade e nosso plano era pular na piscina pra aliviar o calor. Chegamos no hotel e o ar condicionado da recepção foi tão bem vindo que mudamos de plano e resolvemos ir mais cedo pra Sarajevo. Pra não ter que repetir as condições de viagem do dia anterior nós marcamos o transfer do hotel, que custou 50 euros mas valeu a pena, pois a viagem foi super confortável, o motorista era muito legal e foi nos contando sobre a cidade de Mostar e as coisas interessantes que tem pra ver ali por perto. A paisagem da viagem é linda!

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Old Town de Mostar
Ponte temporária depois que a original foi destruída
Casa com marcas da guerra
Paisagem da viagem até Sarajevo

O rio de águas verdes cristalinas com as montanhas verdes no fundo fazem a viagem valer muito a pena! Tem um trem que sai de Mostar e vai até Sarajevo que passa por esse mesmo trajeto (ou bem parecido), só que esse trem só sai às 7 da manhã ou às 7 da noite. De manhã não teríamos como ver nada de Mostar, e às 7 já seria escuro e de noite não veríamos a paisagem. Mas se eu pudesse planejar a viagem de novo eu teria ficado mais uma noite em Mostar e teria pego o trem pra ir cedo no dia seguinte, não porque não gostei da viagem de carro, mas porque acabamos ficando tempo demais em Sarajevo.
Nosso motorista explicou que muitos árabes têm comprado terras na Bósnia, pois eles gostam da natureza, dizendo que no país deles só tem deserto e eles ficam maravilhados de ver o verde e o rio. A água na Bósnia é muito limpa e o ar da montanha é fresco, pois não existem indústrias ali perto. É um dos poucos lugares ainda não poluídos pelo bicho homem...
Conversando com o motorista (que por incrível que pareça não falava inglês, então a opção era russo, o idioma deles, ou alemão. Adivinha qual eu escolhi :) Foi ótimo poder praticar alemão de novo por tanto tempo!) ele me falou a mesma coisa que a moça da recepção do hotel, enquanto eu esperava o transfer chegar: A Bósnia está numa situação muito difícil, sem emprego e sem investimento, e a corrupção dos políticos e das pessoas no poder é imensa. Me lembrou bastante o Brasil pra ser sincera. A classe política de certos países não tem a menor preocupação com o povo ou com o crescimento do país, sabendo somente viver de troca de favores e cargos e poder. E a sociedade como um todo é extremamente invejosa de quem está se dando bem pelo seu próprio esforço, tanto que o motorisa teve que fechar o negócio dele que estava indo bem depois de uma multa gigantesca aplicada por um fiscal corrupto por ele não querer ser corrompido.
Chegamos em Sarajevo eram cerca de 7 da noite. Uma coisa que eu percebi é que o limite de velocidade em toda e qualquer estrada em Montenegro, Croácia e Bósnia é muito baixo. Não vi uma rodovia que tivesse limite maior do que 70km/h.

Vídeo de Mostar:

https://www.youtube.com/watch?v=xDBqPrk2MF0&feature=youtube_gdata

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