Sunday 20 August 2017

De volta a Clerkenwell

No fim de junho eu tinha uns dias livres e fiz uma walking tour de Londres, sobre a qual escrevi neste blog, e mencionei que gostaria de visitar alguns dos museus pelos quais passamos no tour.

Pois foi o que fiz hoje.

Comecei pelo museu do Charterhouse (http://www.thecharterhouse.org/).

O museu em si é gratuito, mas tem também um tour pago que passa por algumas áreas internas desta construção bem antiga. Eu me contentei com o museu, que me deu informação o suficiente sobre a história deste lugar interessante. Começou como um monastério normal, onde os monges moravam e rezavam. Eles começavam o dia bem cedo, tipo 6 da manhã, mas parece que acordavam para rezas também de madrugada. Eles faziam somente duas refeições ao dia: uma de pão com sopa e depois peixe com fruta. Devem ter sido bastante magros comendo tão pouco. Depois veio Henrique VIII e começou a dissolver todos os monastérios, incluindo este. Alguns monges deste monastério tentaram resistir e acabaram sendo executados. O prédio é grande e imponente, e por um tempo foi utilizado por monarcas como a rainha Elizabeth I. O tempo foi passando, e também os monarcas, e acabou que um homem chamado Thomas Sutton comprou o prédio pelos 1600. Ele era um homem de negócios muito esperto, que começou a vida servindo a realeza, mas que acabou ficado muito rico emprestando dinheiro e cobrando juros, e comprando propriedade. Com a sua fortuna ele acabou se tornando um benfeitor e uma das coisas que ele fez foi, ao comprar esta propriedade, transformá-la em uma escola para meninos pobres e um hospital para aposentados. Na capela da Charterhouse tem uma estátua do Sutton, e ele foi lá mesmo, enterrado embaixo dela. Eu achei a capela bastante interessante, com bancos de madeira super antigos (alguns com rabiscos dos meninos que ficavam entediados de assistir a missa), tanto que o cheiro de madeira antiga e uma música sacra davam um ar bem calmo para meditação. O museu tem vários objetos da época de quando era escola, como cadeiras e mesas que os alunos usavam. Hoje em dia este lugar funciona como um asilo para homens. O critério é que sejam aposentados, solteiros, e sem condições financeiras de se manter. A caridade fundada pelo Sutton sempre teve pessoas de visão de empreendedor, que investiram o dinheiro de forma inteligente e até hoje sustentam essa caridade assim. Os habitantes de lá têm seu próprio quarto, comem num refeitório que tem lá, têm vida social na vizinhança (tem um pub ali pertinho), e quando ficam doentes tem enfermeiras(os) que cuidam deles. A escola foi transferida pra outro lugar, e agora aceita meninas também (http://www.charterhouse.org.uk).

Salas do Museum of The Order of St. John
Pelas ruas de Clerkenwell


Depois fui até o Museu do Order of St. John, que fica cerca de 5 minutos de caminhada dali. (http://museumstjohn.org.uk/).
Cheguei bem na hora que ia ter uma tour de graça, o que foi sorte. A guia nos levou pro andar de cima do prédio, onde vimos salas super antigas e bonitas. Ela nos contou como o Order of St. John começou, e a história vem desde Jerusalém, passando por Grécia e Malta, envolvendo cristãos e muçulmanos e diversas guerras. A Priory (como eles chamam uma sede de cunho religioso, em tradução livre) é uma organização de caridade a nível mundial, e a sede da Inglaterra foi criada em 1140, neste prédio que eu visitei. Anyway, Napoleão invadiu Malta e expulsou os Knights (membros desta organização), que acabaram refugiados em Roma. No museu explicam que os seus membros eram profissionais de saúde, e que eles treinavam pessoas sem qualificação, da comunidade, em primeiros socorros, e que prestaram muito serviço nas guerras mundiais. Bom, até hoje, em alguns países, esta organização continua a oferecer serviços de primeiros socorros pra população em certos eventos. Vale muito a pena visitar este museu e aprender da história, mas principalmente fazer o tour. As salas que visitamos são lindas e lá pode-se ver pinturas e móveis antigos, muitos deles de origem em Malta. Visitamos também a capela e a cripta, que ficam do outro lado da rua onde é o museu, e só se pode entrar com o guia. Bem do lado da capela fica um jardim de bonitinho e tranquilo, onde vale a pena sentar num dia agradável como hoje. Fica bem no centro de Londres, na região de Clerkenwell, e muita gente nem sabe que existe. É um dos segredos bem guardados de Londres.
Depois do tour eu fui no restaurante The Modern Pantry, que fica bem na frente da Capela, numa pracinha. Lembro que da outra vez eu fiquei olhando o restaurante e desejando ter tempo de me sentar e comer ali, e hoje fiz isso. Comi um brunch (apesar de ser 4 da tarde) e a comida era gostosa. Foi muito bom sentar ali fora no sol e comer uma refeição típica da Inglaterra.

Ao terminar de comer resolvi caminhar pelas ruas de Clerkenwell, que são charmosas e cheias de prédios de tijolinho, terminando meu passeio na estação de Angel, onde peguei o metrô pra vir pra casa.

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