Tuesday, 29 August 2017

Passeios e despedidas

Este é o último post do meu blog. Foram 9 anos escrevendo sobre minhas viagens durante o tempo em que morei em Londres. Pra mim, Londres é a melhor cidade do mundo! Apesar de ter um lado bem ruim, típico de cidades grandes, é o lugar mais fascinante que eu conheço. Posso ficar horas caminhando pela cidade, sem rumo, e com certeza acho um canto legal que eu não havia visitado ainda. Os museus são extraordinários, com exibições sempre interessantíssimas, limpos, obras de arte de alto calibre, e gratuitos. Já visitei os maiores várias vezes e não teria o menor problema de voltar a nenhum deles.
Meu plano é voltar a morar na Inglaterra dentro de uns anos. Me identifico muito com o país e a cultura. Me sinto em casa. Não sei se será em Londres, não sei quando será, não sei como eu estarei e como estará o Reino Unido com Brexit, mas é o lugar que eu quero chamar de casa novamente.
Não sei se alguém ainda lê isto aqui, mas caso sim espero que tenham gostado. Agora, parto pra uma nova aventura, que será documentada aqui: grazintheus.blogspot.com.br

Abaixo fotos de duas das despedidas que eu fiz, com o pessoal do meu último emprego a alguns lugares que visitei novamente antes de ir, e um vídeo dos últimos passeios que eu fiz na melhor cidade do mundo: https://youtu.be/ktBcqpH3juU



Monday, 28 August 2017

Passeio por Greenwich

Outro lugar que fazia tempo que eu não visitava era Greenwhich. Na real, acho que só estive lá uma ou duas vezes, e sempre a visita era muito corrida. Como sempre morei em West London, chegar lá demorava mais de 1 hora, e acabava com preguiça.
Da casa da Jinny até lá são cerca de 20 min de ônibus, e na segunda-feira de sol, último feriado antes do natal, eu resolvi ir lá novamente. Comecei meu passeio por um mercado vintage que tem perto da estação. Fiquei meio decepcionada, pois estava esperando algo tipo Mauerpark de Berlin, e o que encontrei foram poucos stands com poucas mercadorias.
Muito mais interessante é o mercado principal, com bastante loja legal, galerias com produtos de arte que até eu (uma pessoa que não sou de comprar essas coisas) achei legal. Vi quadros e desenhos muito legais, vi lembranças de Londres que são diferentes e bem acabadas (o contrário do que se encontra nas lojas de turistas no centro de Londres), e haviam vários stands de comida. Tinha inclusive uma de churros brasileiros, da qual passei longe (sou mais um sorvete).
Dali fui até o píer de Greenwhich, onde tem um barco bem grande que dá pra visitar, e vista pro Tâmisa. Dá pra ver de longe o O2, o lugar de shows e eventos onde assistimos Pearl Jam, Amy Schumer e nem lembro mais o que.
Ali do lado tem vários prédios imponentes e super antigos, como sempre com muita história. Eles começaram, se não me engano, lá por 1600, na época dos Tudors. Inclusive visitei o que sobrou de uma capela que havia sido construída no mesmo modelo da capela do palácio de Hampton Court (mas que agora não existe mais). Aquele complexo de prédios foi por um tempo uma escola naval, a melhor da Europa, onde gente do mundo inteiro ia treinar. Segundo a história que li, pessoas de visão convenceram a monarquia a equipar e treinar os professores com tudo o que havia de mais moderno na época. Por um tempo este lugar foi também um hospital e casa de repouso de veteranos de guerra que haviam perdido algum membro, e inclusive é possível ler sobre o dia-a-dia deles e ver como era equipado o quarto onde eles dormiam.
Depois dali fui até a Queen´s House, cuja entrada é de graça (não paguei pra entrar em nada neste dia) e fica bem na frente do parque de Greenwich. Hoje ela abriga uma coleção de arte com quadros e objetos relacionados a guerras navais e navegadores de destaque de antigamente.
Uma vez satisfeita com o que havia visto fui até o parque, que estava cheio, e procurei uma área mais alta onde me sentei pra comer minha maçã, enquanto admirava a vista pros prédios que eu havia visto, o Tâmisa e Canary Wharf ao fundo. Realmente um espetáculo de vista.

Vista de Greenwich
Eu e a Jinny no pub tomando Pims com lemonade
Fish and chips de janta

Subi até o observatório e visitei as salas que são gratuitas pra entrar, como a que tem uma coleção de um tipo de relógio que era usado pelos navegadores antigamente, e a sala com o telescópio, instrumento gigantesco que era usado pelos astrônomos pra observar o espaço. Não fazem muitos anos que o observatório principal mudou para Sussex, e quando um telescópio mais poderoso foi feito eles resolveram colocar este no museu para as pessoas admirarem o tamanho e potência de tal instrumento. As imagens que ele faz/fez da lua são impressionantes! Lá é bem onde passa o meridiano de Greenwhich, e dá pra bater foto pisando em cima da linha, mas resolvi não fazer isso.
Pra finalizar este dia, encontrei a Jinny num pub chamado The Mitre ali em Greenwhich, onde tomamos Pims com lemonade, e depois comi um fish n’ chips (pra balancear, meu almoço foi uma salada hehehe).
A noite estava muito agradável, sem vento e com temperatura amena, perfeito pra sentar em uma mesa no beergarden florido de um pub.


https://youtu.be/6Vt27TDKeHg

Saturday, 26 August 2017

Richmond Park

Neste fim de semana de feriado fiquei em Londres e aproveitei o dia magnífico de verão pra visitar Richmond Park. Eu e a Jinny saímos de casa pelas 11 e meio-dia estávamos chegando em Richmond, South West London.
Eu recomendo Richmond pra qualquer um que venha a Londres, pois é uma vila muito, mas muito charmosa, com casas pitorescas, mansões, vista linda pro Tâmisa e bons restaurantes. Nós almoçamos num chamado Pitcher & Piano, que fica bem na frente do rio e eu sempre tinha ido, apesar de ter passado na frente muitas vezes. A comida era muito boa e o preço razoável. Chegamos cedo e por isso não foi difícil conseguir uma mesa. O sol estava tão forte que logo depois do almoço nós saímos dali e fomos pra umas cadeiras que ficam na sombra de uma árvore bem grande, ao lado da ponte de Richmond, onde sentamos bem na frente do rio e ficamos people watching por um tempo.
Depois pegamos um ônibus e fomos até Richmond Park, na entrada de Roehampton Gate, pois logo ali do lado tem um lugar onde dá pra alugar bicicleta. É possível também alugar bicicleta em Richmond mesmo, entretanto já estavam todas alugadas. De repente foi pra melhor, pois eu não considero as ruas de Londres seguras para ciclistas.

Eu e a Jinny passeando por Richmond
Richmond Park

Richmond Park é enorme demais pra explorar à pé, então foi bom que conseguimos as bicicletas lá. Fomos pedalando pro lado sul, e depois viramos pra ir em direção a Isabella Plantation, uma parte do parque com flores e ponds. No caminho pra lá vimos um deer comendo. Richmond Park tem vários deles espalhados por todos os lugares.
O plano era ir também num café onde é possível comer scones e tomar chá (a coisa mais típica pra ser fazer numa tarde na Inglaterra, tanto que se chama afternoon tea), mas acabamos errando o caminho e demoramos um tempão pra chegar. Por isso só pudemos ficar cerca de 30 min lá (só tínhamos 2 horas com as bicicletas que alugamos), o que foi uma pena, pois conseguimos uma mesa com vista lindíssima pra Richmond. Estava calor demais pra tomar chá, então tomei uma diet coke bem gelada e comi um cookie apreciando a vista no tempo que deu. O parque é tão grande que duas horas passaram voando, e logo já estávamos caminhando pela região de Roehampton pra pegar o ônibus que nos levaria a Clapham Junction, e lá trocar de trem duas vezes até chegar de volta em casa.

Em 2013 passei 2 meses em Richmond morando temporariamente num lugar nada agradável, então foi bom ter voltado pra Richmond depois de tanto tempo, um lugar tão bonito e interessante, e me divertir pra ter boas lembranças deste lugar.

Thursday, 24 August 2017

Visita ao Palácio de Hampton Court

Num dia de sol agradável eu fui visitar o palácio de Hampton Court, algo que já fazia tempo que eu queria fazer. De Catford, onde estou morando, até lá demorou 2 horas, então minha visita só começou às 11 da manhã, apesar de eu ter saído de casa às 9. O ingresso é um preço meio salgado, mais de 20 libras, entretanto inclui entrada pro labirinto e pro “parque mágico”, este último somente interessante para crianças.
Este palácio é da época dos Tudors, antecessores de Henrique VIII, e inclusive conta a história de vida de Henrique VIII, de suas várias esposas, das circunstâncias que o levou a casar com cada uma, e de sua obsessão com ter pelo menos um filho homem. Tudo era pra manter a monarquia.
Foi bom eu ter estudado aquele livro de história do Reino Unido pra prova pra tirar cidadania britânica, pois muitos dos nomes e batalhas cuja história foi contada lá, às vezes em palavras, às vezes em pinturas, eu sabia do que se tratava.
Entrando no palácio
Fonte que antigamente jorrava vinho como forma de ostentação
Um dos pátios internos do palácio
Henrique VIII, provavelmente o habitante mais famoso do palácio

O palácio é bem grande, com várias áreas de interesse, e com o áudio guide a gente ia aprendendo sobre cada parte. Um dos pátios deste palácio tem uma fonte, que ao invés de água continha vinho (na época da corte, não mais
😊)A comida que era servida neste palácio naquele tempo era de tudo quanto é lugar da Europa e um dos motivos de tanta variedade era pra provar que a corte inglesa era capaz de oferecer bastante fartura. É possível visitar a cozinha do palácio e que tipo de comida era servida. Na época de Henrique VIII 80 % da comida era a base de carne. Existe também a sala onde os confeiteiros do rei (mais pra frente na história) faziam chocolate para os aristocratas beberem.
A sala de banquete real é impressionante, com teto bem elaborado e mesas longas, dando imagem de imponência e poder, justamente o que a Inglaterra queria passar para as outras nações (até hoje em dia eles são assim, pra ser bem sincera).
Visitei também os aposentos dos reis de diferentes épocas, incluindo a época de um dos Georges (por algum motivo a família real vive repetindo os nomes a cada geração, tanto que o filho do príncipe William é George, e a cada um eles aumentam o número romano depois do nome, então acaba sendo George the 3rd, ou James the 4th por exemplo). As pinturas nas paredes e no teto são impressionantes, mas o que eu mais gostei foram das tapeçarias. Eu adoro tapeçaria, e nunca vi tanta tapeçaria como estas: enormes (cobrindo paredes gigantes) e lindas, que requeriam muitas pessoas com diferentes especialidades pra trabalhar nelas.
Vidros decorados e paredes decoradas por todos os lugares

Tem uma capela interessante dentro do palácio, usada para missas ainda hoje em dia, mas o interessante é que a família real assistia a missa de uma capela elevada, que dava direto nos aposentos reais. Eles só desciam para a capela com os demais em celebrações tipo natal.
Depois de ver o palácio todo eu fui pros jardins, que são vários. Os mais bonitos estão na área do palácio onde precisa-se pagar pra entrar. Eu, pessoalmente, acho que os ingleses fazem jardins magníficos!
Na área de fora do palácio existem também vários jardins, que qualquer pessoa pode visitar sem pagar. Tem o jardim das rosas (que não estava tão bonito, mas tinha vista bonita pras chaminés do palácio na distância), tem a horta do palácio (que eles chama de jardim também), que foi criada por um dos reis pra cultivar o que seria consumido pela corte, e hoje em dia eles plantam vários tipos de vegetais que são vendidos em determinados dias de semana, tem um labirinto (que eu entrei e me arrependi, pois demorei um monte pra conseguir sair e fiquei agoniada), e outras áreas que estão mais pra parque do que pra jardim.

Jardins do palácio
Clock tower

Sentei-me num dos jardins com um sanduíche comprado no Priory Café, na sombra de uma árvore, aproveitando mais um dia de verão.

Como tudo em Londres, foi um passeio não só bonito, mas também educacional. 

https://youtu.be/CnCCFCMZl38

Sunday, 20 August 2017

De volta a Clerkenwell

No fim de junho eu tinha uns dias livres e fiz uma walking tour de Londres, sobre a qual escrevi neste blog, e mencionei que gostaria de visitar alguns dos museus pelos quais passamos no tour.

Pois foi o que fiz hoje.

Comecei pelo museu do Charterhouse (http://www.thecharterhouse.org/).

O museu em si é gratuito, mas tem também um tour pago que passa por algumas áreas internas desta construção bem antiga. Eu me contentei com o museu, que me deu informação o suficiente sobre a história deste lugar interessante. Começou como um monastério normal, onde os monges moravam e rezavam. Eles começavam o dia bem cedo, tipo 6 da manhã, mas parece que acordavam para rezas também de madrugada. Eles faziam somente duas refeições ao dia: uma de pão com sopa e depois peixe com fruta. Devem ter sido bastante magros comendo tão pouco. Depois veio Henrique VIII e começou a dissolver todos os monastérios, incluindo este. Alguns monges deste monastério tentaram resistir e acabaram sendo executados. O prédio é grande e imponente, e por um tempo foi utilizado por monarcas como a rainha Elizabeth I. O tempo foi passando, e também os monarcas, e acabou que um homem chamado Thomas Sutton comprou o prédio pelos 1600. Ele era um homem de negócios muito esperto, que começou a vida servindo a realeza, mas que acabou ficado muito rico emprestando dinheiro e cobrando juros, e comprando propriedade. Com a sua fortuna ele acabou se tornando um benfeitor e uma das coisas que ele fez foi, ao comprar esta propriedade, transformá-la em uma escola para meninos pobres e um hospital para aposentados. Na capela da Charterhouse tem uma estátua do Sutton, e ele foi lá mesmo, enterrado embaixo dela. Eu achei a capela bastante interessante, com bancos de madeira super antigos (alguns com rabiscos dos meninos que ficavam entediados de assistir a missa), tanto que o cheiro de madeira antiga e uma música sacra davam um ar bem calmo para meditação. O museu tem vários objetos da época de quando era escola, como cadeiras e mesas que os alunos usavam. Hoje em dia este lugar funciona como um asilo para homens. O critério é que sejam aposentados, solteiros, e sem condições financeiras de se manter. A caridade fundada pelo Sutton sempre teve pessoas de visão de empreendedor, que investiram o dinheiro de forma inteligente e até hoje sustentam essa caridade assim. Os habitantes de lá têm seu próprio quarto, comem num refeitório que tem lá, têm vida social na vizinhança (tem um pub ali pertinho), e quando ficam doentes tem enfermeiras(os) que cuidam deles. A escola foi transferida pra outro lugar, e agora aceita meninas também (http://www.charterhouse.org.uk).

Salas do Museum of The Order of St. John
Pelas ruas de Clerkenwell


Depois fui até o Museu do Order of St. John, que fica cerca de 5 minutos de caminhada dali. (http://museumstjohn.org.uk/).
Cheguei bem na hora que ia ter uma tour de graça, o que foi sorte. A guia nos levou pro andar de cima do prédio, onde vimos salas super antigas e bonitas. Ela nos contou como o Order of St. John começou, e a história vem desde Jerusalém, passando por Grécia e Malta, envolvendo cristãos e muçulmanos e diversas guerras. A Priory (como eles chamam uma sede de cunho religioso, em tradução livre) é uma organização de caridade a nível mundial, e a sede da Inglaterra foi criada em 1140, neste prédio que eu visitei. Anyway, Napoleão invadiu Malta e expulsou os Knights (membros desta organização), que acabaram refugiados em Roma. No museu explicam que os seus membros eram profissionais de saúde, e que eles treinavam pessoas sem qualificação, da comunidade, em primeiros socorros, e que prestaram muito serviço nas guerras mundiais. Bom, até hoje, em alguns países, esta organização continua a oferecer serviços de primeiros socorros pra população em certos eventos. Vale muito a pena visitar este museu e aprender da história, mas principalmente fazer o tour. As salas que visitamos são lindas e lá pode-se ver pinturas e móveis antigos, muitos deles de origem em Malta. Visitamos também a capela e a cripta, que ficam do outro lado da rua onde é o museu, e só se pode entrar com o guia. Bem do lado da capela fica um jardim de bonitinho e tranquilo, onde vale a pena sentar num dia agradável como hoje. Fica bem no centro de Londres, na região de Clerkenwell, e muita gente nem sabe que existe. É um dos segredos bem guardados de Londres.
Depois do tour eu fui no restaurante The Modern Pantry, que fica bem na frente da Capela, numa pracinha. Lembro que da outra vez eu fiquei olhando o restaurante e desejando ter tempo de me sentar e comer ali, e hoje fiz isso. Comi um brunch (apesar de ser 4 da tarde) e a comida era gostosa. Foi muito bom sentar ali fora no sol e comer uma refeição típica da Inglaterra.

Ao terminar de comer resolvi caminhar pelas ruas de Clerkenwell, que são charmosas e cheias de prédios de tijolinho, terminando meu passeio na estação de Angel, onde peguei o metrô pra vir pra casa.

Thursday, 17 August 2017

Cidadania Britânica - Uma conquista

Já deve ter dado pra ver que eu me identifico muito com a Inglaterra (Grã Bretanha no geral, considerando que a Escócia ainda é parte. Vai saber o que vai acontecer no futuro).
Fiquei muito, mas muito triste e decepcionada quando a maioria burra votou pro Reino Unido (UK) sair da União Européia. O futuro ficou incerto para muitos, principalmente para os cidadãos europeus que moram no UK. Tem gente que mora lá faz mais de 20 anos, que tem inclusive netos lá, com passaporte europeu, emprego, pagando imposto pra caramba, e um futuro incento. Ninguém sabe o que vai acontecer. Vão mandar todos embora? Como vão fazer isso? O que vai acontecer com os cidadãos ingleses que moram na Europa? A maioria são aposentados, que recebem aposentadoria e tratamento de saúde de graça no país europeu onde moram. Vão ser despachados de volta pro UK?
Existem centenas de argumentos de ambos os lados, mas de tudo o que eu li, eu considero uma decisão burra por diversos motivos. Se um dia eu tiver paciência eu escrevo a respeito.
Estavam falando que cidadãos europeus com mais de 5 anos de residência, que satisfizessem certos critérios, poderiam ficar no UK sem se preocupar.
Para garantir meus direitos (o que aconteceria com a seguridade social que paguei esses anos todos, perderia tudo??), em Dezembro de 2016 eu resolvi aplicar pro Permanent Residence Card, um cartão que prova que o cidadão Europeu está legalmente no UK há pelos menos 5 anos. Cidadãos de outros lugares aplicam para o IRL (Indefinite Leave to Remains), que é equivalente ao PR Card.
Fiquei 2 fins de semana juntando a documentação necessária. Precisei provar que eu tinha 5 anos de residência no UK e pra isso precisei mandar prova de que tinha emprego, prova de que paguei imposto, prova de que tinha moradia, prova de que acessava o seguro saúde, pagava contas etc etc ao longo de pelo menos 5 anos. Tinha um limite máximo do número de dias que poderia ter ficado fora do UK nestes anos, e tive que listar cada vez que entrei e saí do UK neste tempo. Este blog me ajudou muito, pois senão teria sido impossível listar todas as viagens que eu fiz pra fora só me baseando na minha memória.
Preechi um formulário de 85 páginas, paguei uma taxa de 65 libras e metade de Dezembro mandei tudo pro Home Office, órgão do governo responsável por processar este tipo de pedido. Eu não sabia se iriam provar ou não, mas no final de fevereiro chegou o Permanent Residence Card lá em casa. Fiquei super feliz, mas não ainda 100% satisfeita. Como garantir que não iriam mudar de idéia sobre os direitos de cidadãos europeus depois de Brexit? O governo estava falando que todos os 3 milhões de cidadãos europeus terão que aplicar pra um outro tipo de cartão, por um processo "mais fácil", inclusive os que já haviam adquirido este PR Card. Absolutamente ridículo ter que se submeter a isso de novo.
Eu não quis arriscar e assim que vi o meu PR eu comecei o processo de aplicar pra cidadania britânica no critério de estar morando no país pelos últimos 5 anos. Existem vários critérios a serem satisfeitos, mas um dos mais importantes é que a pessoa precisa ter o PR card por pelo menos 1 ano. Como meu período de qualificação pro PR Card foi de 2008 a 2013, o critério de ter o PR por pelo menos 1 ano foi satisfeito (pra quem qualificou só em 2017 terá que esperar 1 ano até aplicar pra cidadania).
Tive então que estudar um livro sobre a história do UK, de 180 páginas, e fazer uma prova chamada Life in the UK Test. Aprendi muita coisa legal e interessante sobre o UK, mas tive que decorar muito detalhe irrelevante. Parece que a maioria dos britânicos não passaria em tal prova. Eu ia pro trabalho e perguntava alguma das coisas do livro pros meus colegas britânicos e muitos deles não sabiam a resposta. Estudei bastante e acertei todas as perguntas da prova.
Depois fiz uma prova pra provar que tenho um certo nível de inglês. Tirei a nota máxima possível pro nível requerido para a cidadania, pois meu inglês é excelente.
O próximo passo foi, de novo, juntar documentação que eu estava empregada e morando no UK nos últimos 5 anos, com regras similares pra aplicacão do PR.
Em março, enviei toda a documentação e paguei 1500 libras no total, contanto tudo. As pessoas que eu conheço que haviam aplicado ano passado receberam resposta em até 6 semanas. Eu fui acompanhando o processo pela internet (https://www.immigrationboards.com/. Neste site as pessoas colocam as timelines dos seus processos, então dá pra ter uma idéia de quanto tempo demora), e acabou que todo mundo que aplicou em março sofreu com demora. O tempo de processamento aumentou pra 4 meses de espera!
Mas finalmente, em julho, a carta do Home Office chegou e meu pedido foi aprovado!!!
No dia 17 de Agosto realizei o último passo para completar o processo pra me tornar cidadã britânica: eu participei da cerimônia de cidadania no council de Lewisham (onde estou morando).
Cheguei no council logo depois das 10 da manhã e fui na fila pra me registrar. Tinha café, chá e biscoitos disponíveis pra quem quisesse. Ás 11 da manhã começou a cerimônia no auditório do council, onde o host ia seguindo a agenda da cerimônia.
Agenda da cerimônia

Teve um discurso rápido desejando boas vindas aos novos cidadãos e falando sobre a área de Lewisham. Haviam cerca de 50 pessoas se tornando cidadãos britânicos na minha cerimônia. Em um certo ponto, nós nos levantamos e um por um falamos o seu nome em voz alta, para depois, todos em uníssono, repetirmos um juramento e uma afirmação de ser fiel a rainha do Reino Unido e seus sucessores, e também afirmamos em respeitar as leis e modo de vida daqui.

Feito isso, um por um foi chamado para receber seu certificado de cidadão britânico. A cerimônia toda durou 1 hora. Eu poderia ter levado 3 convidados, mas não havia ninguém pra ir me assistir...
Saí de lá felicíssima! Não posso estar mais feliz de ter me tornado cidadã de um país que eu gosto tanto e admiro. Minha vida pode até me levar pra outros lugares por um tempo no futuro, mas eu escolho fazer minha vida no Reino Unido pelo tempo máximo que eu conseguir. Adoro este lugar!

Meu certificado de cidadã britânica. Muito feliz!!


Monday, 10 July 2017

A recuperação

Faz 7 semanas que fui operada de apendicite. Como eu nunca havia feito cirurgia antes, não sabia o que era normal e o que não era, então passei por muitos momentos difíceis, sem saber o que fazer. Ainda mais estando sozinha em Londres, um lugar que pode ser muito difícil de se conseguir ajudar médica. O que facilitou era que o hospital era 5 minutos de caminhada da minha casa, então das vezes que tive que ir lá eu não dependia de ninguém.
Na maioria dos países, quando se faz cirurgia assim o normal é ver o cirurgião 2 semanas após a cirurgia pra ver como está tudo e tirar dúvidas. Pois não vi cirurgião nenhum desde a cirurgia e dependi da boa vontade e generosidade de conhecidos médicos no Brasil responderem minhas dúvidas por whatsapp. Da próxima vez que eu for ao Brasil pagarei consulta particular com eles, como agradecimento.
Pelo fato de eu ter me mudado pro outro lado da cidade, não havia a menor possibilidade de ver o médico que eu sempre ia, então tive que me registrar numa outra clínica no bairro para onde eu havia me mudado. Esse processo levou uns dias (o que é normal), e além disso é difícil conseguir consulta médica logo a não ser que seja uma emergência. Só que no meu caso eu não sabia o que era pra ser preocupante ou não. Comprei um termômetro pra ver se tinha febre, o que não foi o caso (ainda bem, pois isso significaria uma inflamação), mas tirando isso o meu guia era um médico conhecido para quem eu enviava fotos dos cortes pra ele ver se estavam melhorando ou não, e ele que me ensinou a cuidar deles.
Fiz uma montagem das fotos que eu ia batendo dos cortes todos os dias pra acompanhar o progresso, e o do umbigo e o mais abaixo estavam progredindo bem, entretanto o corte do lado esquerdo foi deixado aberto. Segundo o médico conhecido, ele disse que isso chama-se fechar por segunda intenção, e por isso demoraria mais pra fechar. Me aconselhou a limpar os cortes com soro fisiológico (saline solution em inglês) e cobrir com curativo novo. O que ficou aberto não poderia ser molhado até fechar.
Esse corte me incomodou bastante, ainda mais quando um dos pontos começou a sair de dentro dele. Fui instruída a procurar um médico em Londres pra avaliar, mas quem diz que consigo consulta... Acabou que num período de 3 semanas sentei na unidade de urgência do hospital (não era a emergência, que é pra quem está com a vida em risco, mas um lugar pra quem tem problemas não urgentes, mas que demandam atenção logo) várias vezes por muitas horas, pra ver uma enfermeira ou médico. Aqui na Inglaterra as enfermeiras têm um papel de assumir bem mais responsabilidades que no Brasil. Médico só quando é mais grave mesmo.
A espera naquele hospital às vezes chegava a 4 horas. Vi pessoas com dor ter que esperar sentada daquele jeito. Ainda bem que eu não tinha dor, mas uma noite tive que esperar 2.5 horas pra ver uma enfermeira.
O atual governo da Inglaterra está realmente destruindo o sistema de saúde público de lá. É bem claro que querem privatizar tudo. Não sei que tipo de idiota quer seguir o modelo de saúde dos estados unidos... Eu não me considero uma pessoa de esquerda, mas saúde pública, pra mim, é essencial (não vou entrar no mérito de que tipo de coisas tem que ser cobertas pela saúde pública ou não).
De qualquer forma, uma primeira enfermeira que eu vi na primeira vez que eu fui tentar ser atendida me deu um mel medicinal pra passar no corte que ficou aberto, e fui fazendo isso ao longo dos dias. Ela disse pra eu ver uma enfermeira toda semana pra monitorar o progresso de fechamento. O problema é que na clínica que eu me registrei só tinha enfermeira duas vezes na semana, o que é ridículo! Além do mais, a clínica ficava 20 minutos de caminhada da casa da Jinny (era a mais perto que tinha), o que não era nada agradável pra quem mal podia caminhar. Lembro de um dia quando o tempo estava absolutamente infernal, a maior chuva e vento, trânsito parado (por isso nem arrisquei a pegar táxi), e eu caminhei até a maldita clínica pra ver uma enfermeira. Uma vez lá, não fui atendida, então tive que caminhar naquele tempo horrível até o hospital. Foi um dia absolutamente hossível e frustrante.
Na montagem das fotos dá pra ver que uma casquinha preta começou a se formar no corte que foi deixado aberto, o que era sinal de que a cicatrização estava progredindo bem, mas depois a casquinha saiu. Isso foi porque em ninguém havia me mostrado como tirar o curativo na hora de trocar de forma que não puxasse a ferida junto, e era isso que estava acontecendo. Com isso o processo demorou mais ainda! Só 5 semanas depois da cirurgia que eu descobri como fazer isso, após ter comprado curativos especiais (e caros) na internet pra conseguir tomar banho direito sem molhar. Estes curativos tinham uma redezinha que ficava em cima da ferida, e ao tirar o curativo eu podia segurar essa redezinha no lugar. Aì molhava essa redezinha e ela se soltava da ferida. Então eu limpava levemente com soro e gaze limpa e cobria com outro curativo.
3 semanas após a cirurgia era pra eu ter ido pros Estados Unidos no casamento de um amigo, e depois visitar o André em Boston, pois ele está trabalhando lá. Encontrei na internet o contato do ciurgião que fez o meu discharge do hospital e mandei email perguntando se poderia viajar, pois segundo a empresa aérea 10 dias seriam suficientes após esta cirurgia. Ele me respondeu dizendo que não era pra eu ir numa viagem tão comprida tão cedo (11 horas de avião), pois poderia ter problemas com trombose (aumentam as chances depois de uma cirurgia) ou dor no abdomen por causa do gás usado pra inflar o abdomen na cirurgia. Fiquei muito triste e chateada, ainda mais porque a empresa aéra se recusou a me reembolsar um centavo, então acabei perdendo quase 600 libras, mesmo eu tendo enviado a carta do médico e do hospital explicando que foi uma emergência. Nunca mais compro passagem com a Virgin Atlantic. Falta de humanidade, na minha opinião.
Só consegui um médico na clínica onde me registrei 1 mês depois da cirurgia (clínico geral) e fui lá com um monte de perguntas, falando das dores que eu sentia, mostrei os cortes, e ele falou que estava tudo normal e que era pra esperar. Disse que as dores iriam diminuir com o tempo.
Cerca de 1 semana depois notei que havia um ponto que estava por fora do corte do umbigo, que não havia sido absorvido. Fui no hospital de manhã bem cedo, esperei 2 horas e nada de ser atentida. Haviam pessoas lá esperando desde meia-noite pra serem atendidas. Naquele dia desisti e resolvi marcar uma consulta particular com um médico no centro (no bairro onde eu moro não tinha médico particular) pra ele tirar esse ponto, já que as clínicas não abrem no fim de semana. Consulta de 130 libras, ele viu e disse que não iria encostar, pois tinha medo que abrisse algo por dentro. Completamente inútil! Pelo menos não cobrou a consulta.
Acabei indo no NHS walk-in centre que ficava 30 min da casa da Jinny pra ver uma enfermeira. Ela tirou aquele ponto, que já estava me incomodando pois doía.
Depois disso o processo de cicatrização foi mais evidente, e agora até aquele que havia sido deixado aberto está praticamente fechado.
Entretanto ainda sinto dores às vezes, mas de bem menor intensidade e menos frequente. Ao redor da ferida que ficou aberta os músculos estão todos duros e dóem vez ou outra. Sinto que agora já posso fazer a maioria das coisas que fazia antes da cirurgia sem precisar me mexer que nem lesma.
Ainda não posso voltar pra academia, me disseram pra esperar 8 semanas, por isso por enquanto tenho feito caminhadas, mas sem forçar, pois senão esse do lado esquerdo ainda dói. Mal posso esperar pra estar 100% recuperada.
De repente este post é útil pra alguém que também tenha sido operado e queira ver sobre a experiência de outras pessoas.

Corte inferior

Corte abaixo do umbigo (fotos de cabeça para baixo)

Corte onde não foi dado ponto, o tal de segunda intenção


Monday, 26 June 2017

Passeando pelo leste de Londres

Resolvi passear pela melhor cidade do mundo, Londres, minha casa atual há 9 anos.
Entrei no google e procurei por London Walks, e vi que tem uma empresa chamada London Walks, cujo website contém as informações relevantes sobre várias caminhadas disponíveis de Londres, todas com guia, ao preço de 10 libras, pagas ao guia na hora da caminhada. Achei conveniente e escolhi uma no período da tarde no dia de hoje.
http://www.walks.com/our-walks/monday-walks#londons-secret-village

Peguei o trem em Lewisham e fui até Cannon street, depois troquei pra circle e depois pra central, pra chegar até Bank caminhando o mínimo possível (queria guardar a energia pra caminhada em si). De lá é super perto até St. Paul´s station, onde encontraria o guia. Haviam diversas pessoas já ali esperando, e pra minha surpresa eram todos ingleses ou americanos. Depois percebi, pelo conteúdo das explicacções do guia da caminhada, que faz sentido ser native speaker ou falar inglês super bem, com conhecimento da cultura, pois senão acho que a pessoa não acharia a caminhada interessante. Inclusive alguns eram pessoas nativas de Londres.
Começamos passando pelos resquícios de uma igreja super antiga, que eu nunca havia reparado. Aqui encontra-se mais informações sobre ela: https://www.cityoflondon.gov.uk/things-to-do/green-spaces/city-gardens/visitor-information/Pages/christchurch-greyfriars-church-garden.aspx
O que achei interessante é que bem no topo dela existe um apartamento com gente morando. A vista de St. Pauls de lá deve ser linda, e com certeza é um lugar, digamos, excêntrico pra se viver.

Christchuch Church

Dali passamos na frente de uma estátua de um cara que reformou os correios, pois antigamente pagava-se pra receber uma carta e o preço dependia da distância que a carta havia viajado. Isso fazia o processo todo mais difícil e demorado, então esse cara sugeriu pagar uma taxa única pra enviar cartas (claro que internacional e lugares de difícil acesso são cobrados diferente), mas isso revolucionou os correios, e é assim até hoje. Faz-se uma média de preço e cartas que viajam pouco acabam pagando pra cartas que viajam bastante. O raciocínio é tipo o sistema de previdência, onde alguns vão pagar mais que receber, outros vão pagar menos do que receber. Com números enormes o jeito é sistematizar desta forma, senão fica impraticável.
Depois ele nos levou ao Postman Park, que eu já havia visitado por ter visto no filme Closer, que eu adoro.
Dali passamos por trás do hospital de St. Bartholomew, onde o guia nos explicou sobre a origem do hospital e contou histórias interessantes sobre ele, inclusive sobre um episódeo do novo seriado Sherlock Holmes, que ele se joga de cima do prédio no fim de uma as séries, foi filmado ali. Cocmo eu já assisti esse episódeo eu achei super legal saber disso.
Logo atrás do hospital tem um lugar chamado Smithfield, que era onde antigamente realizavam-se execuções públicas. O guia deu detalhes de como essas execuções aconteciam, mas eu não vou repetir aqui, pois não gosto de pensar nessas coisas, então quem quiser que pesquise. Uma coisa interessante é que ali William Wallace foi executado. Eu havia aprendido dele numa das minhas viagens pra Escócia, quando fiz um passeio pelas Scottish Borders e vi uma estátua bem grande dele. O filme Braveheart (que eu nunca assisti) conta a história dele. Ali onde ele foi executado sempre tem alguma homenagem a Escócia. Quando eu fui havia uma fitinha xadrez.
Antigamente na frente do lugar de execução havia uma igreja, onde hoje sobra somente a nave de entrada dela. Passando-se por baixo dela chega-se num pátio, onde tem a igreja de St. Bartholomew, que diz ser linda por dentro. Não chegamos a entrar, mas um dia de repente volto lá pra ver. Foi usada no filme 4 casamentos e um funeral.
Esta entrada é da igreja que não existe mais

Depois caminhamos até o Barbican, aquele prédio gigante, dos únicos onde pode-se morar naquele parte de Londres, e caminhamos pela Carthusian rd até chegar em Charterhouse square.
Eu nunca tinha ido ali, mas adorei tudo nesse square. Primeiramente porque é exatamente ali que fica o prédio que era do Hercule Poirot na série feita com o David Suchet. Ninguém mais no grupo havia reconhecido o prédio, só eu hehehe
Florin court, prédio do Poirot no seriado

Ali tem também o museu do Charterhouse, um prédio muito bonito que já foi várias coisas: monastério, hospital, escola e hoje em dia é um asilo para homens idosos.
The Charterhouse

Depois fomos até a esquina de Smithfield market, onde o guia contou que o Museu de Londres será transferido para lá num futuro próximo, pois o mercado não funciona mais. Costumava ser um mercado de carnes há muitos e muitos anos atrás.
Pelas ruas ali de trás (passando por Peters Lane) existem vários prédios antigos, que costumavam ser warehouses que abasteciam o mercado e hoje em dia são lojas e restaurantes (um inclusive é Michelin Star).
Caminhamos então até a entrada do Museum of the Order of St. John, onde o guia nos contou a história de como isso começou, involvendo os tais the Knights Templars, e o fato de hoje ser uma caridade.
Museum of the Order of St. John

Dali caminhamos até um square bem na frente da igreja The Priory Church of the Order of St. John, que diz ter uma cripta muito bonita. Bem ali no square era onde originalmente era a igreja, antes de ser drasticamente reduzida. Tem vários restaurantes legais ali perto.
Chegamos então na área de Clerkenwell, com vários pontos interantes, sendo um deles o Marx Memorial Library, onde encontra-se tudo quanto é tipo de literatura comunista. Inclusive Lenin trabalhou ali escrevendo uma revista comunista, muito rara, com somente 17 edições. Até hoje este lugar é fonte importante para o partido de esquerda Britânico, o Labour Party (Partido Trabalhador Britânico).
Área de Clerkenwell

Descendo a Turnmill St chegamos até a estação de Farringdom, que foi a primeira estação de metrô em Londres, ligando Paddington até o centrão. Londres era acessada pelo Norte por Euston e Kings Cross, Leste Liverpool St, Oeste Paddington, e Sul acho que era Victoria, mas trens não podiam passar pelo centro de Londres, então foi criado o Underground (ou Tube), e esta foi a primeira estação a ser construída.
O guia contou que as execuções paracem coisas tão antigas, tão longe da nossa realidade, enquanto o tube parece algo tão recente, pois o vienciamos todos os dias. Só que teve um período de 5 anos onde estas duas coisas overlapped. Ou seja, as pessoas podiam pegar o tube para assistirem execuções públicas. Credo!!!
Ali terminou o passeio. Saí com gostinho de quero mais, e pretendo visitar os museus pelos quais passamos.
Voltei até Charterhouse square e descobri uma passagem que dava pra um parque atrás da Queen Mary University of London. Estava um dia lindo de sol, e haviam mesas de picnic na grama e música ao vivo bem legal. Fiquei ali tomando uma diet coke e feliz de morar nesta cidade maravilhosa.


Vídeo em https://youtu.be/NIFy52_GF8w

Monday, 22 May 2017

Apendicite - O pós operatório e choque de realidade

Pedindo ajuda
Uma vez na casa da Jinny fui direto pro quarto. A Jinny me ajudou com algumas coisas. Sorte que já havia jantado e tomado banho. Fiquei no quarto e só levantava pra ir ao banheiro. Foi quando veio o choque de realidade. Eu não tinha mais a cama elevada do hospital, que eu podia controlar a altura do encosto pra facilitar me levantar. É uma cama baixa e o quarto tem pouco espaço. Deitar e levantar era extremamente doloroso.
Fora que meu quarto fica no segundo andar, então teria que subir e descer escada algumas vezes ao dia, pelo menos pra me alimentar.
Eu não tinha mais ninguém pra me dar os remédios, trocar meu curativo e responder minhas perguntas. Me sentia sozinha.
O André estava no aeroporto em Boston esperando pra embarcar pra Philadelphia. Não queria atrapalhar o trabalho dele, mas senti que eu precisava de ajuda, e ele seria a pessoa que poderia fazer isso. Mandei uma mensagem pedindo que ele viesse pra Londres. Estava me sentindo culpada, mas o sacrifício dele não seria tão grande quanto o meu passar pelos primeiros dias sozinha.
Fiquei aliviada quando às 23 chegou mensagem dele dizendo que estaria em Londres meio-dia do dia seguinte.  Tomei os remédios e fui dormir mais tranquila, apesar da dor.

Recebendo ajuda
No dia seguinte a Jinny já havia saído quando acordei. Fiquei aliviada quando vi que minha bexiga estava agora funcionando normalmente. Desci pra comer alguma coisa e vi que minha comida estava acabando. Só havia mais o suficiente pro café da manhã: pão integral e um kiwi.
Eu havia mandado email pra minha empresa avisando que seria operada, mas que achava que em 2 ou 3 dias estaria de volta. Acabou que o médico disse que precisarei de 2 semanas e me deu uma carta pra apresentar pra empresa. Mandei a carta pra empresa explicando a situação e um email pro cliente com o que estava pendente.
Fiquei na internet um pouco e não demorou voltei a dormir, Acordei logo antes do André chegar. Acho que nunca fiquei tão feliz em vê-lo na vida! Ele veio ficar comigo nesse momento de necessidade. Eu não estava mais sozinha!
Disse que estava pra embarcar e falou pro pessoal no balcão que tinha uma emergência e que precisava ir pra Londres. Tiraram a bagagem dele do vôo pra Philadelphia e ele comprou passagem pra Londres saindo naquela mesma noite. Vou reembolsá-lo pelos custos todos!
A partir daí ficou menos difícil, pois ele tem ido no super mercado, cozinhado, lavado roupa, me ajuda a levantar e sentar quando estou com muita dor, pega coisas do chão, enfim, tem sido o companheiro perfeito no pós operatório.
Os primeiros 3 dias foram bem difíceis. Sentia muita dor, às vezes não tinha apetite, uma hora me afoguei e tossir é extremamente doloroso. Fiquei com medo dos pontos estourarem, mas só manchou uma gotinha de sangue no curativo, mas como nunca passei por isso fiquei preocupada.
Meu abdômen estava super inchado devido ao ar que colocam na barriga antes da cirurgia. Li que por uma incisão eles enchem a barriga de ar pro cirurgião ter espaço pra trabalhar dentro do abdomen, por outra eles colocam uma câmera pra ele ver o que está fazendo, e pela terceira ele coloca o instrumento pra cortar e tirar o apêndice. Foram os 3 curativos no meu abdômen.
Curativos da ciurgia 

Um dos remédios pra dor é bem forte e me deixava bem grogue, com sono o tempo inteiro, formigamento nos braços, então ontem de noite, terceiro dia, parei de tomar e fiquei só com paracetamol (além do antibiótico, claro). Por isso está mais dolorido do que deveria ser, mas me sinto mais alerta.
Minha mãe e irmã, que fizeram cesárea, falaram pra eu imaginar isso, mas ainda tendo que cuidar de um bebê. Ninguém merece....
Ontem troquei os curativos e fiquei com medo de puxar o esparadrapo em cima dos pontos, mas deu tudo certo. Tomar banho é ainda um desafio, pois não posso molhar os curativos, então coloco um plástico e esparadrapo ao redor, mas mesmo assim sempre entram algumas gotas.
Minha dieta tem sido exclusiva pra pós operatório de apendicite, que eu vi na internet e confirmei com uma amiga nutricionista. Inclusive esse foi um dos problemas no hospital. Nas primeiras 24 horas diz que o certo é não comer nada sólido nem cru. Lá estava eu comendo salada e sardinha servidos por eles. Não me deram nenhuma instrução nesse sentido, e isso que eu perguntei. Acho que é pela falta de recursos mesmo.
Como bastante frutas e legumes, coisa integral e bebo água o tempo todo. As fibras e água ajudaram que meu intestino não tivesse problemas. A partir do terceiro-dia estava funcionando bem perto do normal já, o que foi um alívio.
Na real minha alimentação tem sido bem parecida com o que como todos os dias, só que sem as besteirinhas que eu como de vez em quando, como uma pipoca ou batata chips, chocolate amargo. Nada disso entrou a minha boca desde que saí do hospital (só lá dentro comi um chocolate que a Jinny tinha trazido antes de saber que não podia). Não tenho comido nada cru, até a maçã é assada, e de sobremesa gelatina pra ajudar na cicatrização.
Ontem, quarto dia, foi a primeira vez que me senti um pouco melhor. Ainda passo a maior parte do tempo deitada ou sentada, mas volta e meia levando e caminho pela casa pra ativar a circulação, mas é bem devagarinho. Queria muito ir na rua, pois o verão finalmente chegou em Londres, com dias ensolarados e 25 graus, e eu só em casa, mas não será essa semana que poderei aproveitar.

Próximos passos
Pelo que li os 7 primeiros dias são os principais. Os meus pontos vão sair sozinhos pelo que falaram. Depois vai ficando mais fácil, e dentro de 14 dias dá pra retomar a maioria das atividades do dia-a-dia. Até lá não posso levantar peso (nada acima de 4 quilos).
Volto ao trabalho na semana após a seguinte. É bom assim, pois volta e meia ainda me sinto cansada. Depois de umas 2 horas de alguma atividade (mesmo que seja receber visita) me sinto cansada e vou deitar, onde acabo dormindo por cerca de uma hora.
Estou ainda no começo da recuperação, mas a luz no fim de túnel começou a aparecer. É muito pequena ainda, mas eu, com ajuda de pessoas especiais e também divina, vou chegar lá. Vai ser sofrido ficar mais de 1 mês sem academia e depois voltar devagar, não sei se vai ficar cicatriz, não sei se vão ficar doloridas por muito tempo, não sei nada, mas espero um dia voltar a ler estes posts e pensar que foi uma experiência desagradável, mas da qual aprendi algo, e que foi totalmente superada.

Sunday, 21 May 2017

Apendicite - A cirurgia e as primeiras 24 horas

A operação
Pra minha surpresa meio-dia vieram mandar eu me arrumar pra ir pra mesa de operação. Coloquei daquelas roupas de hospital e consegui caminhar até a sala de cirurgia. Ela era grande, fria, e cheia de coisas que eu não queria nem imaginar pra que servem.
Logo chegaram umas 5 pessoas, incluindo a jovem anestesista que eu havia visto antes, e começaram a se preparar. Elas iam me explicando o que estava acontecendo e o que iriam fazer, mas eu estava bem nervosa, obviamente. Alguém injetou algo no meu braço e colocou uma mascava de oxigênio em mim, e depois disso não lembro de mais nada...
Lembro de ter acordado brevemente na sala de recuperação, onde haviam duas enfermeiras. Perguntei a uma delas quanto tempo fazia que eu estava ali e ela disse meia-hora. Depois só lembro de estar de volta no meu quarto e de estar com muita dor no meu abdomen. Lembro de alguém vindo com uma seringa pra que eu tomasse o que estava nela. Depois fiquei sabendo que era morfina.

Depois da cirurgia. Nem lembro de ter batido essa foto!

Primeiras horas do pós operatório
Quando acordei de verdade já era fim de tarde. Alguém me trouxe comprimidos pra dor e me mandou tomar bastante água. Obedeci.
Vi que haviam 3 curativos no meu abdomen: 1 bem no umbigo, um na esquerda mais embaixo, e um bem embaixo na pélvis.
Levantei da cama (com dificuldade, mas levantar o encosto da cama ajudava bastante pra fazer isso) e caminhei pelo quarto um pouco. Pela primeira vez prestei mais atenção em quem mais estava lá. Na minha frente era uma senhora negra, diagonal a mim uma mulher loira relativamente jovem, e do meu lado direito, na janela, era uma mulher que parecia estar bem doente. Ela foi a única que não vi se levantar nenhuma vez, e as enfermeiras vinham trocar fralda nela de vez em quando. Em algum momento consegui ver que o corpo dela era cheio de hematomas. Ela quase não falava nada.
Caminhei até a janela e vi que era um dia bonito. A vista era pra um canal e um parque, onde haviam quadras de tênis, pessoas jogando e caminhando pelo parque, vivendo a vida normal. A mim e aos demais afetados por doenças ou circunstâncias limitadoras nos restava olhar pra fora e pensar no dia em que poderíamos fazer o mesmo.
Ás 5 horas serviram a janta. Trouxeram um menu com algumas opções e escolhi salada e uma massa com lentilhas, e gelatina de sobremesa. Estava bom, mas meio apimentado, Não comi tanto quanto gostaria pela quantidade de pimenta. Parecia comida de avião pra falar a verdade.
A mulher loira e a senhora negra estavam reclamando da comida, contando que outro dia serviram pizza com gravy, que nunca haviam visto disso.
Depois começou horário de visitação. A senhora negra teve visita de duas filhas e 3 netinhas, a loira de um cara, e a mulher quieta de um homem bem magro, que era tão excêntrico quanto ela.
Eu estava sozinha.
Quando eram 7:30 as visitas já haviam ido embora, e a Jinny foi lá me ver. Fiquei feliz de ter uma visitante, apesar de estar sofrendo ainda com a cirurgia. Meus lábios estavam ressecados, a boca totalmente seca, e eu me sentia letárgica. Fiquei conversando com a Jinny cerca de uma hora e então ela foi embora. Eu resolvi tentar ir no banheiro, pois havia me enchido de água e percebi que não tinha ido ainda.

Será que algo deu errado?
Foi quando percebi que não conseguia sentir minha bexiga. Era como se não existisse mais. Chamei a enfermeira e perguntei quando falaria com o médico, e ela disse só no dia seguinte. Expliquei a situação e minha preocupação sobre algo ter dado errado, e ela falou que se tivesse tido algum problema eles teriam informado o time de enfermagem, que não era pra eu me preocupar ainda.
Óbvio que foi impossível pensar em outra coisa a partir dali. Fiquei o tempo inteiro lendo na internet coisas que podem dar errado durante a cirurgia envolvendo a bexiga, e falando com minha irmã pelo WhatsApp. Ela conhece muitos médicos no Brasil, incluindo cirurgião, e mandou mensagem pra eles perguntando sobre isso. Falaram que é normal dar isso em crianças, mas que nas primeiras 12 horas pode ser considerado normal em adultos e que era pra aguardar.
Durante as primeiras 24 horas vinha sempre alguém da enfermaria medir minha pressão, temperatura, e aplicar antibióticos. Às vezes traziam mais comprimidos pra dor, mas não quis mais morfina. Achei horrível a sensação de estar sedada sem saber muito bem o que está acontecendo ao redor.
A noite foi chegando, e lá pelas 10 consegui que saísse um pouquinho de xixi, mas bem pouco. Aos poucos a sensação da bexiga foi voltando. Eu tinha que deitar de barriga pra cima, pois não tem como deitar de lado por causa da dor. Nessa posição a bexiga acaba pressionada, e eu sentia que estava cheia. Levantava pra ir ao banheiro e saía quase nada. Passei a noite inteira nesse ciclo de tentar dormir, levantar e tentar fazer xixi. Achei que em algum momento a conseguiria esvaziar e conseguiria dormir. Não foi o que aconteceu. Um dos enfermeiros do time noturno era italiano, e eu fiquei conversando um pouco com ele sobre a minha preocupação. Ele disse que pela experiência dele é assim mesmo, mas que no dia seguinte eu resolveria com o médico sobre o que fazer.


Falando com o médico
Todo mundo acorda cedo no hospital, e 7 da manhã já havia gente entrando e saindo do quarto. Troca o plantão de enfermeiros e eles vão de paciente em paciente explicando pro grupo novo a situação de cada um.
De café da manhã teve sucrilhos com leite, e aí comecei a notar melhora na hora de ir no banheiro. Saía mais xixi, mas mesmo assim nada de esvaziar a barriga.

Finalmente às 9:30 o médico veio me ver. Veio ele e um time de 10 outros médicos mais jovens. Perguntou se eu queria ir pra casa e falei que sim. Falou que eu poderia ir. Eu tinha várias perguntas sobre várias coisas, que eles pacientemente ouviram e responderam. A principal obviamente foi se tudo havia corrido bem na cirurgia, e ele falou que sim. Eu havia feito uma lista de perguntas no celular, que fui lendo e anotando cada resposta:
Copiado do meu celular:
Recovery- will I need help? No (acabou que sim!!)
Stitches and dressing. Dissolve
Things to raise alarm. Temperature
How long will it be painful for? A few days
Things to avoid  ( doing and eating) not to worry (não é certo isso!!)
How long time off work? 2 weeks
What type of exercise and when 1 month avoid heavy lifting
Walking up stais. Fine (nem tanto, vi que não é bom fazer isso no começo)
Difficulty passing urine
Can the thing on my arm come off?

A última coisa que falei foi sobre o problema em fazer xixi. Ele ficou pensativo e disse que iriam fazer um exame pra ver quão cheia estava minha bexiga e que esperariam pra ver se isso se resolvia antes de me mandarem pra casa. Então ele foi embora com os outros médicos todos atrás dele.
Foi só aí que avisei meus pais, depois que o pior já havia passado e quando eu teria respostas pra maioria das perguntas deles. Mandei uma foto minha no hospital e expliquei o que havia acontecido. Minha mãe disse que quase caiu de costas, e ai ficamos conversando pelo WhatsApp. Ela se ofereceu pra pegar um avião e vir cuidar de mim, mas obviamente que não aceitei. Só o que faltava minha mãe já idosa, com problemas de saúde vir até aqui cuidar de mim.

Interagindo com as outras ocupantes de quarto
Durante o resto da manhã fiquei observando as demais ocupantes do meu quarto e formando opinião baseada nas poucas horas que compartilhei do dia-a-dia delas.
A senhora negra me pareceu muito querida, assim como a sua filha que retornou pra visita-la na segunda-feira. Eu havia contado que iria fazer cirurgia de apêndice no dia anterior e ela havia dito que a filha ela já tinha feito. A filha dela então me contou sobre a experiência dela. Eram bem educadas e interessadas. A mulher loira era prestativa, ajudava a senhora negra a ler o menu todos os dias, e uma hora pegou uma coisa minha que caiu no chão e eu não conseguia me abaixar. Ela ficava saindo pra fumar o tempo todo. Tinha uma inflamação na perna e estavam aplicando antibióticos. Me contou que já esteve internada outra vez pela mesma coisa, e estava bem frustrada com sua situação de incerteza.
A mulher quieta recebeu fisioterapeutas que e ajudaram a sentar por um tempo, e depois uma pessoa do social care veio fazer um monte de perguntas pra ela sobre a vida dela em casa, se ela consegue ser independente, quem mora com ela etc. O médico veio e parece que ela tem alguma infecção no fígado que eles não sabem o que pode ser, então iam chamar um especialista. Mais tarde quele amigo excêntrico dela entrou cantando e dançando no quarto, tentando animá-la. Leu pra ela e saiu pra comprar doces pra ela,. Ela o ficava maltratando, gritando com ele sem paciência o tempo todo. Uma hora ele saiu e eu estava caminhando pelo quarto. Eu falei pra ela que aquele amigo dela parecia ser bem querido em ajuda-la e se preocupar com ela tanto assim. Ela riu e disse que sim.
Era mais um dia lindo lá fora, e eu estava olhando pela janela quando ele chegou e fez um comentário pra mim sobre com eu deveria estar lá fora e não ali. Voltei pra minha cama e vi que não demorou pra ela gritar com ele. Consegui ouvi-lo dizer baixinho pra ela que ele estava cansado de ser maltratado por ela, que ele estava tentando ajuda-la nesse momento difícil. Ela ficou quieta e depois se desculpou com ele, que ele era um bom amigo. De repente meu comentário de antes ajudou-a a ver o que ele estava fazendo por ela.

Será que fico ou que vou?
Uma enfermeira veio com uma maquininha medir quão cheia estava minha bexiga. Era tipo um mini ultrassom. Ela mediu e disse que tinha 400ml de urina ali dentro e que iríamos medir a quantidade que ia saindo ao longo do dia. Eu tinha que fazer xixi num container de papelão e dava pra enfermeira, que foi medindo ao longo do dia.
De almoço pedi sardinha com salada e gelatina de sobremesa. Parece o tipo de coisa que como em casa no dia a dia. Deu pra ver como me alimento saudável já a maior parte do tempo.
Com o passar das horas minha bexiga foi voltando ao normal, o que foi um alívio. Quando eram 3 da tarde veio um médico com sotaque leste europeu falar comigo. Perguntou como eu estava e falei que estava bem, que a bexiga estava voltando ao normal mas que ainda não estava 100%. Ele ficou pensativo e disse que fazia 24 horas da operação e sugeriu que eu ficasse no hospital mais uma noite. Não sabia o que fazer. Por um lado queria ir embora, e se eu pego uma infecção? Mas por outro
 pensei que se desse algum problema ali eu teria ajuda. Resolvi ficar mais uma noite. A senhora negra falou que era bom, pois já que eu não teria ajuda em casa pelo menos mais um dia ali seria bom pra eu me recuperar mais. Minha mãe falou a mesma coisa pelos WhatsApp.
Resolvi tomar um banho, pois não havia tomado um desde a noite que cheguei, e coloquei outra roupa de hospital. Meu uniforme desde o dia anterior era camisola de hospital, meia-verde até o joelho e chinelo.
Mais recuperada, depois de um banho

Às 5 serviram o jantar. Comi torta de ovo com salsicha e uma salada. De sobremesa mais gelatina.
Passou cerca de uma hora e veio outro médico, daquele grupo que estava com o médico de manhã. Veio perguntar como eu me sentia. Disse que eles achavam que eu deveria ir pra casa, pois estava fora de risco e que por isso não havia motivo pra eu passar mais uma noite no hospital. Disse que conversaram com os médicos chefes e que eles disseram que a bexiga estava normalizando e que logo iria estar 100% e que se tivesse problemas poderia voltar ou ver o médico do bairro. Estava sendo expulsa do hospital, de forma educada. Não tive como recusar. Comecei e arrumar minhas coisas e mandei mensagem pra Jinny pra ver se ela poderia me ajudar a ir pra casa, pois não posso pegar nada pesar e não teria como levar as coisas que ela havia trazido pra mim. Vi que a senhora negra ficou me observando arrumar minhas coisas, que reparou quando eu não consegui pegar meu tênis debaixo da cadeira. Acho que ficou com pena de mim.
O bom foi poder tirar aquele negócio do braço direito, que de tanto eu mexer já tinha saído do lugar e estava doendo.
Finalmente tirei esse negócio chato do braço

A enfermeira veio trocar meus curativos e me deu 2 sacos de remédios com instruções de horários e dose para tomá-los.
Às 19 a Jinny chegou e eu já estava na salinha de espera, fora do quarto. Dei tchau pras colegas de quarto, desejei sorte e recuperação, dei tchau pro time de enfermagem, agradeci, e fomos de táxi pra casa dela.
A cama de hospital era necessária pra alguém que precisava dela mais que eu naquele momento.


Saturday, 20 May 2017

Apendicite - Sinal de que algo estava errado - Indo para o hospital

Neste post vou relatar a minha recente experiência na qual fui operada de apendicite. Eu não tenho treinamento médico algum, portanto ninguém deve usar meu post como referência para tirar dúvidas sobre o tema. Estou simplesmente contando o que aconteceu comigo.
Já faz 3 anos que eu comecei a me preocupar com isso, então eu meio que sabia que um dia teria que passar por essa operação, só não imaginei que seria numa hora tão inconveniente (apesar de que nunca teria uma hora conveniente eu acho).´

Histórico
Há 3 anos atrás eu comecei a sentir umas pontadas na parte inferior direita do abdômen, e fui no médico com medo que fosse apendicite. Eu estava morando sozinha em Londres, e estava bem nervosa com a probabilidade de ter que fazer a cirurgia e não ter ninguém pra me acompanhar e me ajudar. Eu não tinha nenhum outro sintoma característico da doença: vômito, febre, perda de apetite, e a dor não era contínua. Eram pontadas que vinham com força, mas que logo desapareciam.
Fiz exames de ultrassom e de sangue, e nada foi encontrado.
Foram passando os anos e essa dor às vezes voltava, mas nunca durava mais que um ou dois dias, mas quando vinha incomodava um pouco, apesar de não me prevenir de fazer minhas atividades do dia a dia.
O que me incomodou muito nos últimos anos e me prevenia de fazer qualquer coisa quando aparecia, era dor no estômago. Essa me deixava completamente inútil, por várias horas. Às vezes tomando buscopan e algum remédio de gases fazia a dor ir embora, mas não era sempre que funcionava. Estava ainda tentando encontrar que comida (ou combinação de comidas) que poderia causar dor abdominal de tal intensidade. Fiz vários exames, incluindo endoscopia e outros ainda menos agradáveis, pra ver se havia algo de errado, e nunca nada de errado foi encontrado (o que é bom, claro), então comecei a mudar várias coisas na minha dieta, cortei algumas coisas, introduzi outras, e por um tempo fiquei sem ter problema algum, ou quando tinha Buscopan resolvia logo.
Ainda é muito cedo pra dizer se a dor de estômago era relacionada a isso, mas se ela nunca mais voltar eu não sentirei a menor falta.

Contexto
Recentemente minha vida estava meio estressante, pois estamos de mudança. No sábado retrasado a empresa de mudança foi lá em casa empacotar tudo, e eu fiquei com 3 malas com algumas coisas pra me manter por 1 mês em Londres. Domingo viemos pra casa da nossa amiga Jinny, onde ou ficar temporariamente enquanto o André está no Estados Unidos a trabalho. A semana foi de adaptação a nova casa: localização, bairro, o quarto ( estou meio acampada, pois é um quarto pequeno, com algumas gavetas e prateleiras, mas sem guarda-roupa, então minhas coisas estão em malas pelo chão ou embaixo da cama).
Pra completar, eu fiquei doente bem no fim de semana da mudança e cheguei na casa da Jinny um caco, só queria dormir pra descansar.  Fui trabalhar durante a semana normalmente.
Sexta-feira o André embarcou pro Estados Unidos e eu só o veria dia 09 de junho pra um casamento. Estava triste por isso, mas feliz por poder descansar no fim de semana. Depois do trabalho fui caminhando de Vitoria, onde trabalho, até Blackfriars e no caminho comi um cachorro quente vegetariano alemão que tem perto de Charing Cross, que fazia tempo que não comia.

O desenrolar
Sábado acordei bem e comecei a fazer minhas atividades de fim de semana. Pelas 11 da manhã comecei a sentir a maldita dor de estômago. Estava bem fraquinha no começo, mas eu já tomei buscopan, e apesar de não estar com fome comi uma salada de almoço.
A dor começou a ficar mais forte a ponto de eu não conseguir ficar em pé ou sentada, então fui me deitar. Eu já havia tido essa dor antes, então imaginava que dentro de algumas horas ela pararia, pois foi o que aconteceu antes. Eu imaginei que havia sido o cachorro quente que causou, apesar de me parecer uma reação meio tardia a algo que eu tenha comigo às 6 da tarde do dia anterior. Eu estava me contorcendo de dor e me sentia pesada. Acabei vomitando e me senti mais leve, mas nada da dor ir embora. Tomei mais buscopan, e nada da maldita ir embora. Muito pelo contrário, ia ficando cada vez pior. Vomitei 2 vezes mais, e então entrei em contato com um médico conhecido da minha família no Brasil, via Whtsapp, e perguntei se poderia tomar mais Buscopan, pois havia vomitado e de repente por isso não estava fazendo efeito. As instruções dele foram claras: Não tome mais nada e vá imediatamente para a emergência do hospital.
Ir no hospital aqui em Londres é um saco. Tenho que ir de táxi, espera-se  MUITAS horas até se ver um médico, então eu queria saber se tinha como ver um médico sem ir pra emeregência.

NHS
O National Health System é o sistema de saúde pública aqui da Inglaterra, equivalente ao SUS. Qualquer cidadão britânico (e europeu) tem direito a tratamento gratuito, tanto em clínicas nos bairros (as cadastradas, tipo posto e saúde) quanto em hospitais. Não é perfeito, mas quebra um bom galho pra população geral, principalmente pra quem não pode pagar particular. Eu consultei particular algumas vezes, mas mesmo pra classe média tratamento particular é extremamente caro, então eu acabo usando o NHS quando preciso.
O NHS tem um serviço telefônico, onde a pessoa liga pra 111 pra saber se a situação na qual ela se encontra é grave ou não. Caso seja muito grave (tipo um acidente), liga-se pra 999, mas não era o meu caso.

Falando com um médico e conseguindo ambulância
Expliquei meus sintomas pra mulher na linha e ela disse que iria arranjar pra um médico me telefonar pra eu saber o que fazer. Eu liguei eram 15:30 e o médico me ligou cerca de 30 minutos depois. Expliquei a minha situação e ele perguntou se eu tinha diarreia. Falei que não. Ele disse que se eu tivesse diarreia era provável que fosse intoxicação alimentar, mas como eu não tinha poderia ser apendicite. Falou que eu ir pro hospital, mas expliquei que estava com tanta dor que eu não tinha como fazer isso. Ele então disse que iria mandar um médico até minha casa, mas que poderia demorar até 6 horas pra ele vir. Ele não tinha certeza que meu caso precisava de ambulância sem me examinar.
Fiquei meio desesperada, pois minha amiga não estava em casa e eu não sabia o que fazer. Liguei pra ela, que estava estudando pra uma prova importante que ela teria no domingo, e expliquei o que estava acontecendo. Ela disse que viria pra casa me levar pro hospital. Depois de uma hora uma médica veio aqui em casa e me examinou.  Ela apertou o lado inferior direito do abdomen e a dor era mil vezes pior lá.
Ela confirmou o que o médico do telefone disse, sobre possivelmente ser apendicite, e que eu deveria ir pro hospital. Pedi pra ela chamar uma ambulância, pois eu mesmo que conseguisse chegar no hospital de táxi, não teria condição nenhuma e ficar sentada esperando várias horas até ser atendida com a dor que eu estava. Ela saiu e disse que iria ver o que podia fazer. Depois de uns 15 minutos chega a minha amiga Jinny com a médica de novo. Tem um hospital há 10 min de caminhada da casa da Jinny, e a médica disse pra irmos lá mas eu não queria ir naquele estado pois estava a este ponto tremendo e com dor praticamente insuportável. Ela saiu e depois voltou falando que arrumou uma ambulância pra me levar no hospital.
A ambulância chegou em 20 minutos e me colocaram na maca. A Jinny foi junto comigo. Uma vez lá dentro mediram meus sinais vitais e me deram analgésico na veia, pois falaram que minha dor eta tão forte que tomar comprimido não iria adiantar nada. Ela colocou um negócio no meu braço direito pra aplicar medicamento, e depois de uns 3 minutos a dor havia aliviado bastante. Eu ainda sentia dor no lado direito do abdomen, mas só ao me mexer e se apertasse.
Isso fez toda a diferença, pois no hospital eu ainda tive que esperar bastante tempo até ser atendida, mas conseguia ficar sentada. Os paramédicos (um cara e uma guria australiana) foram muito queridos.

No hospital
Uma vez no hospital foi a mesma história de sempre (das outras vezes que eu fui ou que fui pra acompanhar minha mãe quando ela veio me visitar e acabou tendo que fazer cirurgia de emergência): espera-se pra passar pela triagem, onde a gente vê uma enfermeira. Nesse caso ela já tinha todos os meus detalhes, pressão etc etc, que o pessoal da ambulância e a outra médica haviam anotado, então nem sei porque tive que vê-la.
Voltei pra espera e depois de uns 40 minutos um enfermeiro me chama pra tirar sangue. Ele disse que demoraria 45 minutos pra sair os resultados e só então eu veria um médico. Demorou mais que isso, e só vi o médico depois das 9 da noite. Nisso a Jinny ali do meu lado estudando pra prova dela, e a espera ficava cada vez mais cheia de gente. Tinha gente de todo tipo. Ali éramos todos iguais, independente de background, religião, profissão.
O  médico me examinou e fez as mesmas perguntas que todos os outros médicos, e disse que eu teria que esperar pra ver um cirurgião, mas me adiantou que no exame de sangue os marcadores de inflamação estavam altos demais. Me mandou pra uma outra sala, onde tinha só das pessoas, e fiquei ali sentada esperando. Tinha duas mulheres que estavam reclamando da demora pra um dos enfermeiros, e ele falou que com os cortes de orçamento que esse maldito governo conservador fez (saúde, educação e segurança) eles simplesmente não tem pessoas suficiente pra atender, então acaba demorando mais ainda. Ele me contou que naquela hora da noite só tem um cirurgião pra todo o hospital!
Tive ainda que fazer exame de urina e só cerca de 1 hora depois veio o cirurgião. Ele repetiu todas as perguntas e eu repeti todas as respostas. Acho que a única coisa que não era típica de apendicite no meu caso é que eu estava sentindo fome. Já eram 11 da noite e eu estava com fome, e normalmente com apendicite as pessoas perdem completamente o apetite. Mas assim que ele examinou meu abdomen disse que era praticamente certeza que era apendicite e que eu precisaria ser internada.
Contei pro André, pra uma das minhas irmãs que está no Brasil, e pra outra amiga que também mora aqui perto. Assim haviam 4 pessoas que sabiam da situação, duas das quais estavam perto poderiam ajudar. Não contei pros meus pais porque só iria preocupá-los sem que pudessem fazer nada de tão longe.

Internação
Fui falar com a Jinny pra ela ir pra casa, pois eu precisaria passar a noite ali. Enquanto os médicos trabalharam pra conseguir um leito pra mim (às vezes não existem leitos disponíveis e eles precisam mandar a pessoa pra outro hospital, mas graças a Deus não foi o meu caso), eu estava no telefone com a Jinny com uma lista de coisas pra ela trazer pra mim pra eu ficar ali de noite, incluindo comida. Eu havia trazido uma calcinha e escova de dente, mas se seria operada precisaria de outras coisas, como pra tomar banho. Logo a Jinny chegou com minhas coisas e eu fiquei esperando me chamarem de novo. Vieram depois com uma cadeira de rodas e me levaram até uma outra ala do hospital.
Cheguei no quarto era uma da manhã e as 3 outras ocupantes já estavam dormindo.
Comi umas bolachas que a Jinny havia trazido, tomei banho, escovei os dentes e coloquei meu pijama. O ruim foi fazer isso sem dobrar o braço direito, que estava ainda com aquele negócio pra inserir medicamento. As enfermeiras me colocaram no soro, e fui instruída a não comer nem tomar nada após às 2 da manhã. Fiquei a noite no soro, e isso me dava vontade de ir no banheiro o tempo todo, e tinha que levar o soro junto. Era um saco.
Noite de internação

Até consegui dormir, pois a cama do hospital não era desconfortável, e eu podia ajustar a altura da cama e do encosto, coisa que foi extremamente útil depois da cirurgia. As enfermeiras me deram daquelas meias pra evitar trombose nas pernas, já que iria passar bastante tempo deitada. Eram meias verdes.
Pelas 9 da manhã o médico que havia me internado na noite anterior veio com outro médico mais velho. Eles me examinaram e o mais velho me disse que era 90% de chance de ser apendicite, e que eu precisaria ser operada. Explicou que quando a probabilidade é alta assim, o melhor é operar pra não ter risco de ruptura do apêndice, o que seria algo gravíssimo e que colocaria minha vida em risco.
Perguntei se a cirurgia seria hoje e falaram que deveria ser em torno do meio-dia.

A espera
Recentemente vi documentários sobre os maiores hospitais do NHS de Londres, e em como estão operando no limite, e como resultado muitas operações são adiadas. Mostraram o efeito negativo que isso tem nas pessoas que estão ansiosas pra fazer a operação. Os médicos ficam frustrados, os pacientes, as famílias, é algo muito ruim. Então eu fiquei pensando se a operação seria mesmo naquele dia (domingo).
Depois veio um outro médico me examinar. Disse que fariam ultrassom pra ver se não era cisto no ovário, mas eu expliquei que em fevereiro fiz todos os exames ginecológicos no Brasil e que não apontou nada de errado. Ele agradeceu e disse que nesse caso então seria mesmo cirurgia de apendicite e me falou que a cirurgia seria por laparoscopia, onde eles inserem instrumentos na minha barriga e assim não precisam fazer um corte grande no abdomen. Falaram que por eu ser magra poderia ser feito dessa forma pois a recuperação seria mais rápida.
Quando eram 11 da manhã veio uma anestesista bem jovem e um outro cara me explicar detalhes da anestesia e da cirurgia, bem como um papel pra eu assinar dizendo que eu concordava em fazer a cirurgia mesmo com os riscos. Ao ouvir os riscos por um momento dá até vontade de desistir, mas depois bate a razão e vi que não tinha outro jeito. Assinei tal papel e perguntei que horas seria a cirurgia, e me falaram que não sabiam pois ainda não sabiam se os instrumentos necessários estariam disponíveis.

Fiquei na cama lendo e resolvi não ter esperanças de que seria nesse dia.

Monday, 17 April 2017

Sen Sebastian e Logrogño (La Rioja)

No domingo de páscoa achamos que iríamos passar trabalho pra achar algum lugar aberto, e achamos também que as ruas estariam desertas. Isso porque em outras viagems na páscoa foi o que aconteceu, e na nossa cidade natal de Floripa é um dia onde ninguém sai de casa, e não ser que se vá na casa de familiares.
Fomos caminhando pelo rio até a ponte Maria Cristina. Os prédios margeando o rio parecem ser bem legais, com árvores seguindo o caminho do rio até o centro antigo. Viramos a esquerda na ponte e caminhamos até a Praia da Concha, passando pelo centro. O centro é super bonitinho, com prédios super charmosos e bastante verde. Uma vez na praia nós percebemos que o dia não estava tão frio quanto o dia anterior, e estávamos com calor com aqueles casacos pesados. Não queríamos passar o dia carregando-os, então voltamos ao hotel pra deixar esse peso lá. Sorte que a caminhada era curta.
Ponte Maria Cristina ao fundo
Catedral Buen Pastor
Hotel de Ville com jardim na frente


Feito isso fomos até a área do centro antigo, onde estava cheio de gente na orla, e inclusive muita gente na praia. Essa praia é considerava das praias de cidade mais bonitas da Europa. Deu pra entender porque, mas depois que saiu o sol. A praia é de areia, a faixa de areia é considerável e a água é cristalina. Não é a praia mais bonita que já vi, mas é uma praia bem legal. Existem também mais duas praias em San Sebastian, uma com foco mais pra jovens e surfistas, e a outra pra famílias. No verão diz que a cidade fica super cheia e as praias lotadas.
Praia de la Concha

O centro antigo é cheio de bar de tapas, um do lado do outro. Almoçamos num chamado Barduillo, e as tapas eram gostosas. Eu achei o centro antigo de Bilbao mais legal pra ser sincera.
Dali caminhamos ao redor do Monte Urgull e depois voltamos até a praia. A essa hora tinha o maior sol (sorte que pegamos o óculos de sol quando voltamos ao hotel pra deixar os casacos). Sentamo-nos no sol num café onde tomamos alguma coisa e ficamos vendo as pessoas passarem.
Depois caminhamos até o palácio Myramar, que tem um jardim bonitinho e uma vista bonita pra praia, e de lá resolvemos voltar pro hotel pra descansar antes da janta. Claro que pegamos a rota mais difícil (sem querer), que consistia em subir uma ladeira bem grande, mas isso só fez o descanso ser mais bem-vindo.
Saímos de novo pelas 7:30 e fomos até o Monte Igeldo ver a vista. Dirigimos até lá em cima e foi interessante no caminho ver vários carros estacionados na beira da estrada até lá e cima, com vários adolescentes por ali. Deve ser o hang out deles. É de graça e a vista é bonita; entendo perfeitamente a escolha.
Lá em cima precisamos pagar 2 euros por pessoa pra entrar no estacionamento e pra nossa surpresa lá em cima tem um mini parque de diversões. Tinha montanha russa, trem fantasma, carrinho de choque, e estava lotado de famílias. A vista de lá de cima pra cidade e pras praias é bonita.
San Sebastian vista do Monte Igueldo

Depois dirigimos até a parte antiga da cidade e deixamos o carro num estacionamento ali perto pra jantarmos num restaurante de frutos do mar que eu tinha visto mais cedo. A comida era simples, mas saborosa. eu comi uma sopa de peixe, depois merluza grelhada com batata e de sobremesa pudim de leite com caramelo. Fazia tempo que não comia essa sobremesa!
Ficamos passeando por aquela área portuária, onde tem também um carrossel e bancos na beira do mar. Estava lotado de gente, então foi bom pra não acharmos que era uma cidade fantasma, como acontece quando está tudo fechado em feriado.

Na segunda-feira nosso vôo pra Londres era somente às 19:40. Já tínhamos visto tudo o que queríamos em Bilbao e em San Sebastian, então resolvemos dirigir mais pro sul e ver a região de La Rioja, famosa pelos vinhos. Queríamos mesmo ter ido fazer wine tasting e almoçar numa winery, mas procuramos no dia anterior e estavam todas fechadas, o que foi uma pena. Mas mesmo assim fomos até a cidade de Logrono, a principal dessa área. Estava um dia fantástico de sol lindo, e depois de termos cometido o erro de não termos passado protetor solar no dia anterior (devia ter passado quando peguei o óculos de sol), desta vez não me esqueci e me enchi de protetor solar, além de boné e óculos de sol, pra garantir.
Estacionamos no centro da cidade e fomos pra praça principal no centro antigo, onde tem uma igreja e alguns restaurantes. Sentamo-nos numa mesa ao sol e pedimos um copo de vinho da região. Eu tomei um tinto e estava realmente muito bom!
Ficamos um bom tempo lá relaxando e vendo as pessoas passarem, até dar fome e irmos até a Travessia da Laurel, uma rua onde existem vários bares de tapas, um do lado do outro. Estava cheio de gente e tinha tanta opção que não sabíamos qual escolher. Fizemos como os espanhóis e fomos em vários bares, comendo uma tapa em cada um. O melhor foi sem dúvida o bar Soriano, o mais famoso. Só fazem um tipo de tapa: cogumelos com camarão em cima do pão, mas é muito gostoso. Estava lotado, mas conseguimos entrar e depois de uma certa espera a recompensa valeu a pena.
Caminhamos pela cidade um pouco, e quando eram 3:30 da tarde fomos de novo em direção a Bilbao pra pegar o vôo de volta pra Londres.
Devo avisar que gastamos uma fortuna com pedágio e estacionamento. Tudo deve ter saído perto de 80 euros. É bom pesquisar opções de ruas e ir com mais tempo pra evitar pagar pedágios tão caros (alguns foram quase 20 euros!).
A cidade de Logrono é também passagem de muitos peregrinos fazendo o caminho de Santiago, então existem vários albergues para peregrinos e placas e sinais na rua relacionados a peregrinação.
Cidade de Logrono


A Espanha tem tempo bom, comida boa, preços bons de forma geral, mas tem os mesmos problemas de países assim: ineficiências e pessoas barulhentas. Por isso adoro visitar tais países, mas volto para a Inglaterra sempre :)

Vídeo: https://youtu.be/J1ANzb9sfl4